Os maratonistas de alto rendimento são constantemente submetidos à grandes esforços físicos. Por esse motivo, avaliações cardiológicas e ortopédicas frequentes são recomendadas e realizadas. Mas, segundo Renata Teixeira, pós doutoranda pela Faculdade de Medicina da USP, pouco se sabe sobre as condições respiratórias desses atletas, que passam todo o período dos treinos e competições mantendo ventilações pulmonares altas. Assim, a pesquisadora realizou um estudo com objetivo de avaliar a saúde respiratória desses corredores.

A pesquisa buscou verificar a presença nos atletas de sintomas da asma e alergia — como tosse seca, “chiado” no peito e coriza — além do broncoespasmo induzido pelo exercício (BIE), condição caracterizada pelo estreitamento transitório das vias áereas durante e mais frequentemente após um esforço físico intenso. Para isso, numa primeira etapa, foram selecionados 200 corredores de elite.  Os sintomas de alergia e asma foram atestados com questionários validados e o BIE foi diagnosticado com um teste chamado hiperventilação eucapnica voluntária. Feito pelo Comitê Olímpico Internacional, ele é considerado padrão ouro para avaliar atletas de elite.

Ao final do estudo, Renata observou que 60% dos pacientes apresentaram sintomas alérgicos e 30% apresentaram BIE durante ou após o esforço físico. Esses últimos também apresentaram inflamação das vias áereas.

“Um fato interessante foi que os atletas avaliados não percebem a presença destas condições, deixando clara a importância de se avaliar esta população, independente da presença de sintomas respiratórios” afirma a pesquisadora. Segundo ela, a identificação precoce desses sintomas, seguido dos tratamentos adequados dos mesmos, são importantes não só para melhorar a saúde do atleta, mas também seu rendimento no esporte.

Em sua conclusão, Renata ressalta a importância, frente aos resultados obtidos, de incluir nos acompanhamentos e avaliações físicas dos corredores de elite exames que atestem as condições respiratórias desses atletas.