ISSN 2359-5191

10/06/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 46 - Meio Ambiente - Instituto de Geociências
Falta metodologia para avaliar patrimônio geológico do litoral paulista
Pesquisadora teve que adaptar métodos ao estudar geossítios em São Sebastião e propôs maneiras de divulgação turística
Vista para Ilha de Alcatrazes, em São Sebastião, cuja elevação principal lembra o Pão de Açúcar. Foto: Fernanda Coyado Reverte

A dissertação de mestrado de Fernanda Coyado Reverte, do Instituto de Geociências (IGc/USP), foi a primeira a inventariar o patrimônio geológico de São Sebastião, município com cerca de 400 km² no litoral norte de São Paulo. Ao mapear e descrever formações naturais por toda a região, a pesquisadora notou que faltam métodos para quantificar sua relevância científica.

Foram utilizadas e adaptadas duas metodologias: uma do professor português José Brilha, e outra do professor Ricardo Pereira, da Universidade Federal da Bahia, voltada ao potencial turístico da Chapada Diamantina. Alguns pontos geológicos de São Sebastião não se encaixaram nesses critérios, devido à baixa acessibilidade ou à falta de publicações científicas.

Para o estudo, Reverte avaliou feições de acordo com um contexto geológico definido: a evolução do supercontinente Gondwana, que compreendia grande parte da massa rochosa do hemisfério sul. Há cerca de 150 milhões de anos, o supercontinente começou a se fragmentar, dando origem à faixa litorânea brasileira.

De 58 pontos mapeados em São Sebastião, foram selecionados e caracterizados 9 geossítios que permitem entender esse processo. Dentre eles estão a Praia do Segredo, onde fica o Centro de Biologia Marinha da USP (Cebimar), e o Ilhote do Camburizinho, que “ilustra várias fases de evolução do supercontinente, tanto a junção quanto a fragmentação”, como explica Reverte.

No entanto, o Ilhote não coincidiu com alguns critérios, por nunca ter sido estudado antes: ele consta apenas em mapeamentos regionais. O Arquipélago de Alcatrazes, outro exemplo importante do ponto de vista geológico e biológico, é fechado para o público. Isso garante baixa pontuação na metodologia utilizada, que leva em conta a acessibilidade ao turista. Esse problema de quantificação se estende a todo o litoral paulista, que ainda foi pouco pesquisado no âmbito da geodiversidade. “Estamos estudando propor uma metodologia voltada ao nosso contexto”, contou a pesquisadora.

Por outro lado, alguns dos geossítios obtiveram altas pontuações de acordo com as metodologias de Brilha e Pereira, como Feições de Injeção de Juquehy e Gnaisses de Boiçucanga, já que possuem publicações científicas e boa acessibilidade, por exemplo.

Geoturismo

Numa outra fase, a pesquisadora estudou a divulgação dos 9 geossítios. A dissertação foi concluída em 2014 e integra um projeto de organização do Roteiro Geoturístico do litoral norte paulista, coordenado pela professora Maria da Glória Motta Garcia, dentro do núcleo de pesquisa GeoHereditas, do IGc.  

Para desenvolver o geoturismo em São Sebastião, que possui mais de 100 km de costa e praias bem frequentadas como Maresias e Boiçucanga, Reverte fez algumas propostas. Dentre elas, a criação de um centro de interpretação na Praça do Por do Sol, em Boiçucanga, onde seriam distribuídos panfletos e roteiros, e a instalação de painéis geodidáticos. Os painéis já estão sendo encaminhados pelo núcleo de pesquisa.

A pesquisadora pensou também em aproveitar a cultura local, focando no artesanato de rochas e na divulgação em restaurantes típicos. A capacitação de monitores foi outra ação: alguns cursos promovidos pelo GeoHereditas já deram formação básica a guias turísticos. A ideia é que expliquem a importância e a origem das feições geológicas, procurando preservar o patrimônio por meio da conscientização.

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