ISSN 2359-5191

23/06/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 55 - Economia e Política - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Notícias de corrupção reduzem a confiança do brasileiro no judiciário
Pesquisador realiza ensaio a respeito da confiança no sistema judiciário
Brasileiros são sensíveis a notícias de corrupção

Um estudo desenvolvido pelo pesquisador Joelson Sampaio revelou que o aumento de notícias relacionadas à corrupção no país reduz a confiança do brasileiro no sistema judiciário. Essa incerteza, consequentemente, faz com que  o judiciário seja menos procurado para a resolução de conflitos. Sampaio, que elaborou essa tese para sua defesa de doutorado pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAUSP), ainda analisou a relação de confiança no judiciário no Brasil de acordo com características econômicas e demográficas.

A pesquisa durou cerca de três anos e foi baseada no Índice de Confiança na Justiça Brasileira (ICJBrasil) – um relatório trimestral cujo objetivo é acompanhar de forma sistemática o sentimento da população em relação ao judiciário brasileiro. O índice é publicado pela FGV Direito SP e conta com a coordenação de Luciana Gross Cunha e a colaboração de Rodrigo de Losso, orientadores de Sampaio em sua tese nas áreas jurídica e econômica, respectivamente.

A primeira parte da tese busca analisar a relação de confiança do indivíduo no sistema judiciário conforme algumas variáveis econômicas e demográficas, tais como: gênero, raça, renda, escolaridade e experiência com o poder. Os resultados obtidos revelam que as mulheres tendem a confiar menos no judiciário – embora o achem mais rápido, em comparação com os homens. Negros, pessoas com menos renda, indivíduos com menos escolaridade e quem já teve experiência judicial prévia tendem a confiar menos no judiciário.

No entanto, havia uma questão a ser respondida no estudo de Joelson: o cidadão utiliza menos o judiciário porque não confia nele ou não confia nele porque não utiliza o judiciário?

Para solucionar o problema sobre quem causa o quê nessa relação, o pesquisador trabalhou com notícias de corrupção que estamparam as capas dos principais jornais do Brasil, entre 2012 e 2014. A Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo (SP), O Estado de Minas (MG), O Globo (RJ), Zero Hora (RS), Correio Brasiliense (DF) e Diário de Pernambuco e Jornal do Comércio (PE) foram analisados para a formulação de um índice – a razão da área da notícia da corrupção sobre o total do jornal.

Sampaio chegou à conclusão de que os brasileiros são sensíveis a essas notícias: quando o volume de notícias de corrupção aumenta, a confiança no judiciário cai e, portanto, as pessoas tendem a usá-lo menos, procurando meios alternativos ou até mesmo ilegais para a solução de seus conflitos.

No Brasil, há poucos estudos com dados empíricos acerca do sistema judiciário. “Os Estados Unidos, por exemplo, têm a prática de trabalhar com dados para avaliar a performance do judiciário”, afirma o pesquisador.

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