ISSN 2359-5191

07/08/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 71 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Química
Pesquisa aprimora ensino de bioquímica
Estudo oferece instrumentos para diagnosticar e atenuar falhas conceituais dos alunos
Novos métodos no ensino da bioquímica podem corrigir erros de aprendizagem. Foto: Reprodução.

A pesquisa conduzida por Erik Montagna para sua tese de doutorado pelo Instituto de Química (IQ) da USP apontou falhas quanto ao aprendizado e à compreensão de alunos sobre conceitos de bioquímica. O trabalho ainda desenvolveu um software que foi utilizado para reduzir os problemas identificados nos diagnósticos feitos com os alunos.

O ensino de ciências é diretamente afetado pelos conceitos alternativos, que são conhecimentos que o aluno apresenta previamente e que não está de acordo com o que se sabe na ciência atual. Eles são de difíceis detecção e remoção, além de dificultar a aprendizagem de novos conceitos.

“Nosso trabalho foi verificar os conceitos prevalentes nos alunos, criar instrumentos de detecção desses conceitos que fossem aplicados à bioquímica, criar estratégias de intervenção para atenuar as falhas conceituais dos alunos e reavaliar o aluno para verificar o sucesso da intervenção”, explica Montagna. Como ainda faltam dados sobre conceitos alternativos em equilíbrio químico aplicados à bioquímica, a pesquisa trouxe mais informações sobre o assunto.

Dados mostram que algumas dessas concepções erradas aprendidas partem inclusive de professores, que reforçam tal situação. Isto significa que os conceitos alternativos são frutos de todo um processo educacional falho, cujos problemas precisam de atenção a longo prazo para ser resolvidos por completo.

Para efeitos de avaliação, foram considerados principalmente os melhores alunos dentro de cada local analisado, visando restringir a amostra. Foi verificado que mesmo já tendo cursado disciplinas que deveriam ter ensinado algo sobre o assunto, muitos alunos não mostraram modificação de perfil conceitual.

Apesar de cada pessoa ser diferente à sua maneira, Erik acredita que os resultados podem ser aplicados em condições similares, considerando que alguns fatores foram atenuados para não interferir na pesquisa, como, por exemplo, tentar selecionar o público com o melhor desempenho nos diagnósticos. Ademais, deve-se ressaltar o impacto positivo do dispositivo, que promoveu melhorias em relação a outras estratégias aplicadas anteriormente.

O software utilizado nas pesquisas foi financiado pela Fapesp e desenvolvido com a parceria do professor Guilherme Marson do IQ na concepção do projeto e com o trabalho da QuantiCA, uma das empresas apoiadas pela incubadora de startups da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. O trabalho de todos criou o aplicativo, que é um simulador de análise e separação de aminoácidos.

A plataforma permite escolher as amostras, as composições e as condições para que a reação ocorra. Segundo Montagna, o que o simulador tem de mais importante é a capacidade de integrar as formas de representação dos aminoácidos, uma vez que permite uma melhor compreensão, já que são utilizados itens visíveis e não-visíveis ao olho humano. O simulador está disponível online através deste link.

O software se torna uma boa plataforma, uma vez que apresenta algumas vantagens, como por exemplo, a possibilidade de repetições infinitas sem desperdiçar reagentes e a prática das experiências sem necessitar obrigatoriamente da estrutura de um laboratório. Além disso, acaba sendo mais prático ao simplificar reações que podem ser demoradas na vida real e ao ser muito mais seguro, evitando o contato de algumas substâncias com as pessoas.

Por outro lado, ele impede que o aluno cometa erros quanto à manipulação por parte dos alunos, que poderiam causar efeitos diferentes que estimulariam o raciocínio na solução de problemas. Vale ressaltar que um método não tem por objetivo final se sobrepor ao outro, mas ser uma alternativa viável para aprendizagem em situações especiais.

Para o futuro, é possível aproveitar o simulador e alterar algumas funções para que permita que ele seja aplicado em outras necessidades. Também é viável sua tradução, para que possa ser testado em outras comunidades, para poder analisar as diferenças dos resultados obtidos e compreender as variações das respostas.

Mesmo assim, não se existe ao certo uma solução para o problema proposto dos conceitos alternativos, uma vez que, apesar de a bioquímica ser uma ciência exata, enquanto houver a interferência do ser humano, o sistema apresentará interferências para a transmissão do conhecimento, podendo ser estas boas ou ruins. O homem sempre depende de outro para aprender e progredir.

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