ISSN 2359-5191

14/08/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 75 - Saúde - Faculdade de Saúde Pública
Pesquisa busca avaliar trabalhadores afastados por transtornos mentais
Questionário holandês poderá ser preditor do tempo em que pacientes com quadro de ansiedade e depressão poderão ficar fora do ambiente de trabalho
Reprodução

Em vista das dezenas de problemas que um trabalhador desenvolve ao longo de sua carreira, o pesquisador João Silvestre da Silva Júnior, desenvolveu sua pesquisa de mestrado em 2012 na Faculdade de Saúde Publica da USP para procurar entender o que leva funcionários de diferentes ambientes profissionais a se afastarem por motivos de transtornos mentais. A fim de complementar  seus estudos e estender a pesquisa, Silva, que é médico do trabalho, em seu doutorado que está em desenvolvimento pela mesma instituição, irá avaliar o que acontece com esses trabalhadores depois que eles se afastam de suas funções.

A pesquisa de mestrado elaborada por Silva, contou com uma amostragem de 385 pessoas, que foram acessadas através de uma agência do INSS de São Paulo. A partir de um questionário, ao qual os pacientes foram submetidos, o pesquisador chegou à conclusão de que há uma relação entre o afastamento dos trabalhadores e alguns fatores como ser do sexo feminino, possuir alta escolaridade, ser da cor branca, ter hábitos de fumar e de beber, ser portador de dois problemas de saúde e ter histórico de violência no trabalho. João conta que essa sua primeira pesquisa foi uma novidade para o meio científico, pois foi pioneira ao associar esses fatores à pessoas afastadas do trabalho por motivos de transtornos mentais. Ele explica, porém, que não se pode dizer que ser mulher causa a depressão ou que determinado ambiente de trabalho causa a doença. No entanto, existe uma relação que precisa ser melhor entendida, mas o estudo já consegue dizer que existe um fator de risco.

Assim, João iniciou seu doutorado pensando nesses fatores de riscos e naqueles que são de proteção aos transtornos mentais do trabalhador. O médico fala que essa nova pesquisa está sendo feita para continuar estudando essa população, a fim de se tornar um indicativo para a previdência social. Isso é importante, pois, dessa maneira, o INSS passa a saber lidar melhor com essa população, assim como as empresas conseguem trabalhar melhor na prevenção dessas doenças, evitando que seus empregados adoeçam e se afastem. Outro ponto importante também, é que o afastamento não é bom para nenhum dos lados, já que aumenta as despesas da previdência social, diminui o número de trabalhadores nas empresas e, obviamente, é muito prejudicial para a saúde e estabilidade financeira da pessoa que adoece.

O estudo, que ainda está em andamento, já contou em sua primeira fase com a coleta de 200 pessoas para serem voluntários na pesquisa. A ideia do pesquisador é que mais 50 se juntem ao grupo até o final do estudo. João explica também que no doutorado só está sendo acessadas pessoas com transtornos mentais, de modo a entender como é nesse grupo o processo de afastamento e retorno ao trabalho. A proposta é analisar apenas pacientes com depressão e ansiedade, já que as pessoas que apresentam essas doenças representam mais de 80% dos benefícios concedidos pelo INSS, além de ter sua relação com o trabalho já comprovada na literatura científica. Silva, que é médico do trabalho e, portanto, lida com a saúde do trabalhador, acredita que ao focar nessas duas doenças, o estudo irá atingir grande parte da população.

A previsão é que a pesquisa de doutorado seja completada na metade de 2016. No momento, João está trabalhando na validação de um questionário holandês que discute a expectativa do paciente afastado em relação ao seu retorno ao trabalho. O questionário já foi aprovado pelos holandeses que desenvolveram a primeira versão, e agora está em fase de testes para saber se ele pode ser aplicado em pacientes no Brasil. O médico espera que esse trabalho seja preditor do tempo de afastamento do paciente, pois ele mostrará, a partir de pontuações, se os trabalhadores ficarão mais ou menos tempo afastados e também como os especialistas poderão cuidar melhor deles e ajudá-los a retornar mais rápido ao ambiente de trabalho.

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