Uma experiência que abordou a educação patrimonial e arqueologia em colégio público do litoral paulista, localizado em bairro vizinho ao Monumento Nacional Ruínas Engenho dos Erasmos, deu origem à dissertação de mestrado de Adriana Negreiros Campos, formada em História. A discussão com os alunos possuía três eixos temáticos: Patrimônio, Sítio Arqueológico Engenho dos Erasmos e a Arqueologia.
A pesquisa "Arqueologia e Educação: as Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos como fio condutor de práticas educacionais" foi realizada no MAE (Museu de Arqueologia e Etnologia da USP) e enquadra-se em Arqueologia Pública. Isso porque preocupa-se diretamente com as implicações sociais da disciplina, a relação com o conhecimento que é gerado na academia, os reflexos no meio educacional e sua função social.
Durante o ano de 2011, Adriana realizou seu experimento educacional na Unidade Municipal de Educação Professor Waldery de Almeida, em Santos. A escolha do colégio baseou-se em três premissas: o fato de a pesquisadora ser educadora da rede municipal, a proximidade da escola com o Monumento e o desconhecimento do patrimônio por parte dos alunos e da comunidade em que o colégio está inserido.
Após a escolha do local, Adriana entrou em contato com a instituição e apresentou sua proposta: promover uma discussão baseada em três temas: o patrimônio, o sítio arqueológico vizinho ao colégio e a arqueologia. Assim, "por serem temas distantes da realidade escolar, a recepção foi marcada por grandes expectativas", conta a historiadora.
Para concretizar sua proposta, ela realizou uma série de atividades embasadas na crença em uma educação transformadora da realidade e na capacidade da escola, muitas vezes vista como mera reprodutora, de construir novos conhecimentos.
Essas atividades foram possíveis porque Adriana formou inúmeras estratégias, como o levantamento prévio do conhecimento dos alunos, uma pesquisa com professores e pais, a realização de estudos do meio no Engenho dos Erasmos e Centro Histórico de Santos, apresentação de vídeos e a simulação de uma escavação na escola. Nessa última, todas as etapas do trabalho arqueológico foram realizadas pelos alunos, desde a preparação do terreno à comunicação com o público.
O objetivo da pesquisadora era, principalmente, discutir a Educação Patrimonial. Para tal, tratou de sua origem e seus desdobramentos no cenário nacional e como essas práticas são apropriadas por escolas e museus. Além disso, analisou a trajetória histórica do Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos e o papel da USP como responsável pela salvaguarda do bem e as ações educativas que foram implantadas ao longo dos anos. Adriana conta que com o estudo de caso, demonstrou "como a Arqueologia pode atuar dentro desse contexto".
Os resultados obtidos pela pesquisa foram muitos. Vão desde a comprovação de que a escola é um local de produção de novos conhecimentos até a discussão sobre a Arqueologia, que, "enquanto ciência, pode e deve se aproximar da escola, por possibilitar novas práticas e discussões sobre o que é patrimônio, sobre questões de identidade e construção de memória coletiva", defende a pesquisadora.