ISSN 2359-5191

23/05/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 62 - Arte e Cultura - Museu de Arqueologia e Etnologia
Estudo analisa patrimônio imaterial na formação de museus
Cela do Memorial da Resistência reconstitui dia-a-dia de presos políticos do regime militar brasileiro / Créditos: Projeto Resistir

Seriam os museus formados apenas por aquilo que é exposto em estandes e paredes? Através da análise do Memorial da Resistência de São Paulo, a pesquisadora do MAE-USP Karina Alves Teixeira procurou entender e identificar o patrimônio imaterial no contexto museológico.

O Memorial foi inaugurado em 2009 e é dedicado à preservação das memórias da resistência e repressão política da história brasileira. O instituto está localizado na antiga sede do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops), que foi, durante o período do regime militar, uma das polícias políticas mais repressoras e violentas do país.

Karina conta que o patrimônio intangível está presente desde a construção do memorial. “O Memorial da Resistência se faz a partir de uma memória. Assim, ele traz uma trajetória que escapa à formação dos museus convencionais”. Usualmente, museus são criados com base em coleções, podendo estas ser formadas por obras de artes, artefatos arqueológicos ou históricos. No caso do Memorial da Resistência, o conteúdo musealizado se deu a partir dos testemunhos de ex-presos e perseguidos políticos e de familiares de mortos e desaparecidos.

A pesquisadora explica: “Trata-se de um espaço de reconhecimento de memórias. E, assim sendo, consegue ser um lugar ativo na divulgação dessas lembranças”.

Patrimônio tangível e intangível: complementares

A estudiosa do MAE também pesquisou mais a fundo a noção de patrimônio. Segundo Karina, as atuais discussões na pesquisa da museologia se dão no campo de bens culturais: “Os bens culturais abarcam toda a cultura em seu sentido mais amplo, voltada para a diversidade, pluralidade de olhares, vivências, saberes e existências”. O patrimônio estaria envolvido por tal conceito. “Tudo se dá a partir da visão das próprias pessoas. A sociedade deve refletir e pensar sobre o que lhe é caro e o que deve ser guardado por ela para as futuras gerações”. A pesquisadora revela ainda a importância do envolvimento dos cidadãos no processo de musealização. “As pessoas devem participar desses processos de guarda das memórias. A população também deve ser o guardião, não apenas os profissionais do museu”.

O patrimônio intangível estaria igualmente intrínseco à cultura. “A cultura tem, ao mesmo tempo, vertente simbólica e concretizada na materialidade. A partir de festas e danças, também podem ser produzidos figurinos e decorações”. Os conceitos de intangível e tangível não poderiam ser, portanto, separáveis. “Não são opostos, mas complementares”.

Karina encontrou, no Memorial da Resistência, a lembrança materializada em objetos, tais como fotografias e utensílios originais da época. “Necessitamos da materialidade como forma de evocação, para que ela nos traga memórias, situações, fatos, conhecimentos e vivências. Então, para as novas gerações que visitam o espaço, que não tem nenhum resquício do que aconteceu naquele período, é bem importante”, conclui.


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