ISSN 2359-5191

25/05/2000 - Ano: 33 - Edição Nº: 07 - Meio Ambiente - Instituto Butantan
Butantan é pioneiro em uso de técnica para estudo de venenos

São Paulo (AUN - USP) - O Instituto Butantan vem utilizando, pioneiramente no país, a técnica da microscopia intravital no campo da toxinologia, com o objetivo de esclarecer os efeitos causados por diversos venenos no corpo humano e caracterizar toxinas isoladas nestas substâncias. Essa metodologia estuda o tecido microcirculatório de animais, que abrange vasos com diâmetros menores de 100 micrômetros como arteríolas, capilares e vênulas. Estes vasos ajustam o fluxo sangüíneo às necessidades metabólicas dos tecidos, visando a sua integridade e manutenção. "Além disso, essa rede também está relacionada com o desencadeamento de várias patologias, daí a importância desse tipo de estudo", explica Sandra Helena Poliselli Farsky, pesquisadora do Laboratório de Imunoquímica do Instituto.

A técnica é empregada em ratos e camundongos ainda vivos, anestesiados ou não. O equipamento necessário é formado por um microscópio óptico acoplado a uma câmera de projeção que transmite, para um computador ou para um monitor de TV, imagens que possuem boa nitidez, embora sofram um grande aumento. Desta forma o pesquisador pode visualizar todos os eventos ocorridos na microcirculação, integrando elementos figurados do sangue, componentes do plasma e da parede do vaso, com o animal inteiro, o que supera às tecnicas in vitro empregadas no mesmo estudo.

A aplicação desta metodologia em envenenamentos permite entender os efeitos das várias toxinas que formam um determinado veneno. Um dos tipos analisados pela pesquisadora é o veneno da Bortrops jararaca, a serpente responsável por cerca de 90% dos acidentes provocados por peçonhas ou toxinas de origem animal no Brasil. Devido a esse fato, esse veneno vem sendo estudado desde o começo do século, mas novas toxinas presentes em sua constituição ou diferentes propriedades das que são conhecidas, continuam sendo descobertas.

Nessa substância, duas toxinas têm sido alvos importantes da pesquisa. A primeira é a metaloprotease, uma enzima que induz à hemorragia e à resposta inflamatória, e que também pode estar envolvida com a metástase de alguns tipos de câncer. Ela interfere na adesão celular que ocorre durante este processo, isto é, as células cancerosas migram e aderem umas às outras para possibilitar a criação de outro foco da doença. A segunda é um peptídeo que tem efeitos cardiovasculares. Esclarecendo os efeitos desses peptídeos na microcirculação se pode inferir, posteriormente, o uso destas toxinas como agentes antihertensivos, ou seja, substâncias que sejam usadas na terapêutica de problemas cardivasculares. "A idéia é, num futuro próximo, utilizar estas toxinas como ferramentas científicas para esclarecer os mecanismos envolvidos em diversos quadros patológicos", explica Farsky.

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