ISSN 2359-5191

25/05/2000 - Ano: 33 - Edição Nº: 07 - Sociedade - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Projeto da FAU evolui conforme necessidades da população

São Paulo (AUN - USP) - O projeto "Carapuruhy", integrado por estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) presta serviços de assistência social à comunidade carente de Carapicuíba e tem passado por várias mudanças para melhor atender as demandas da população. O projeto está completando dois anos, e hoje está sendo criado um grupo que pretende transmitir educação ambiental às crianças da comunidade.

No início, o projeto procurou auxiliar na construção de moradias para a comunidade. Os moradores haviam comprado um terreno da Prefeitura e iniciaram um mutirão para construir as casas populares. Com apenas dezesseis casas prontas, o mutirão acabou não se provando eficiente devido a diferença de horas que cada morador poderia dedicar à construção. Iniciou-se, assim, uma segunda etapa, que a estudante da FAU, Lúcia Shimbo, um dos membros mais antigos do projeto, chamou de auto-construção. Com o passar do tempo, porém, as obras concretas provaram-se mais complexas e menos eficientes, enquanto a possibilidade de melhoria na qualidade de vida da população através da criação de grupos para discutir os problemas mais comuns tornava-se a opção mais viável.

Contando com o apoio de alunos de Cinema, Biologia, Ciências Sociais, Geografia e Psicologia, o grupo procurou coletar dados sobre a comunidade de Carapicuíba durante o primeiro ano de projeto através de questionários distribuídos aos moradores e oficinas montadas junto à população local, elaborando um diagnóstico de principais demandas da comunidade. Segundo Lúcia, embora se tratasse de um projeto de extensão universitária desde o início, nunca foi cogitado que não estivesse vinculado à pesquisa.

O resultado foi divulgado em dois grupos. O grupo de obras concretas envolvia a construção de um playground e uma creche, mas não houve mobilização dos moradores e por isso não foram bem sucedidos, embora o projeto de construção da creche não tenha sido totalmente descartado. Ele faz parte de um maior, que seria a ampliação do centro comunitário local. O grupo de assuntos a serem discutidos, ao contrário, foi um sucesso e as reuniões, estruturadas em 1999, continuam muito freqüentadas.

Os assuntos escolhidos inicialmente foram a violência e a saúde da mulher. No primeiro, o grupo que lidera as discussões é formado principalmente por jovens e lideranças locais, enquanto o segundo foi sofrendo mutações, e hoje as mulheres que participam do grupo discutem a divisão entre o trabalho fora de casa e o doméstico e os riscos dessa jornada, tanto no campo da saúde quanto no da violência. Recentemente, os integrantes do Carapuruhy resolveram envolver as também crianças no movimento de melhoria da comunidade, e decidiram criar uma oficina de educação ambiental voltada à população infantil.

Cerca de um quinto da verba necessária para a manutenção do Carapuruhy é financiado pelo Fundo de Cultura e Extensão, mas a idéia dos integrantes do projeto é que todo ele fosse financiado pela USP. "É uma atividade importantíssima que faz parte da Universidade", afirma Lúcia Shimbo. "Fazemos o possível para manter o grupo, mas é difícil quando tudo o que temos são bolsas de extensão de um salário mínimo."

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