No
último dia 30 de setembro comemorou-se o Dia da Secretária
e enquanto em todo o Brasil diretorias e chefias elogiavam
suas incansáveis funcionárias, na cidade de
Pirassununga, interior de São Paulo, a Codage e o Departamento
de Recursos Humanos (DRH) da USP promoviam o 1o Encontro de
Gestão de Secretárias (GeSec).
A
idéia de criar um evento que promovesse a integração,
a troca de experiências e a discussão sobre questões
relacionadas ao trabalho da secretária não é
de hoje. Há quase dez anos, Maria de Lourdes Bianchi
Ávila, idealizadora do projeto, planeja um encontro
desse tipo. "No nosso trabalho, muitas vezes você
conhece a colega apenas por telefone, a gente sente um pouco
de falta desse contato pessoal", explica a secretária
da Comissão Central de Informática (CCI), sem
conseguir esconder o nervosismo, pouco antes de participar
da palestra inicial do encontro.
Quando Lourdinha - como é conhecida pelas colegas
- apresentou a proposta do encontro ao DRH e à
Codage, a idéia foi acatada na hora, transformando
o sonho de uma década num projeto institucional.
Nessa primeira edição, apenas cem das quase
mil secretárias da |
Palestra do evento |
USP
participaram dos dois dias de encontros, palestras e descontração,
mas os planos são de levar a cada ano mais profissionais
a Pirassununga.
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Rita
de Cássia |
A
cidade escolhida, inclusive, não poderia ser melhor.
Pacato e aconchegante, o campus de Pirassununga tem a
tranqüilidade típica das pequenas cidades
do interior. Esse foi um dos detalhes que agradou Rita
de Cássia Silva Dias, do Instituto de Biociências.
"Aqui não tem comparação com
São Paulo. Lá, quando chega ahora de ir
embora eu já começo a pensar no trânsito
e fico preocupada com o horário", comenta
Rita, enquanto colhia amoras maduras em frente do prédio
central da Faculdade de Zootecnia. Uma cena pouco comum
no campus da capital. |
Mas
nem todos pareciam estar tão à vontade no evento
quanto Rita. Marcelo Luis Charaba, do Departamento de Engenharia
Elétrica de São Carlos, por exemplo, era um
dos quatro únicos representantes masculinos no encontro.
Ainda assim, levou com bom humor a participação
nesse verdadeiro Clube da Luluzinha. "Hoje (quinta-feira)
eu estou mais tranqüilo, ontem, quando achei que talvez
fosse o único homem, pensei em nem vir.
Você
vira muito o centro das atenções."
Fábio Batista dos Santos também estava com
o pé atrás antes de ir ao encontro. O funcionário
do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) chegou a ligar
para uma das organizadoras para saber se ia ser o único
representante |
Marcelo
Luis, Fábio e Marcelo |
masculino
no harém do secretariado. "Ela brincou dizendo
que eu ia ser até protegido, mas ainda assim a
gente fica com um pouco de receio", diverte-se. |
Marcelo
Pimentel, secretário da Escola de Enfermagem, por sua
vez, estava mais confortável no evento que seus colegas.
"Eu já estou acostumado porque me formei em Letras
e fiz um curso de Secretariado, dois lugares onde o sexo feminino
é predominante. É agradável ficar entre
tantas mulheres", comenta. "O cara já tem
bagagem!", retruca Charaba, num bate-papo bem-humorado
após o almoço.
A
predominância feminina no secretariado talvez possa
ser explicada nas palavras do professor Adnei Melges de Andrade,
diretor do DRH, durante a palestra de abertura do GeSec. "A
mulher é um ser especial porque, assim como a secretária,
tem a capacidade de trabalhar em múltiplas tarefas,
atuando em casa, no trabalho ou cuidando dos filhos",
elogia.
É
difícil colocar em palavras a relevância do trabalho
da secretária para a Universidade de São Paulo.
Em meio a sinceros elogios, o professor Adílson Carvalho
ressaltou que são elas que fazem a interface entre
chefia, diretoria e seus respectivos contatos, e também
lembrou uma antiga história - e que já adquiriu
um certo tom folclórico - que ocorrera no mandato do
reitor Flávio Fava de Moraes (1993 - 1997).
O
protagonista era o professor Adolpho José Melfi,
que ocupava a função de pró-reitor
de Pós-Graduação e tentava entrar
no prédio da Reitoria durante uma das greves que
ocorreram naquele período. "Naquele clima
de greve e piquetes, os |
No
auditório |
manifestantes
estavam deixando apenas alguns funcionários entrarem.
Eles permitiram a entrada de Melfi, mas barraram sua secretária",
recorda. |
Ao
notar que sua funcionária estava sendo impedida de
entrar, o atual reitor da USP reagiu espontaneamente dizendo:
"Se ela não entrar, eu também não
entro!". "O episódio ilustra bem a importância
dessa pessoa no trabalho do professor Melfi", recorda
com bom humor o cordenador da Codage.
Mas
talvez tenha sido o prefeito do campus de Pirassununga, Marcus
Antônio Zanetti, quem, com grande presença de
espírito, conseguiu sintetizar melhor a "dependência"
que a USP tem dessas profissionais. Quando estava prestes
a iniciar a apresentação de slides sobre o campus,
seu computador teimou em não funcionar. Sob o olhar
de mais de cem espectadoras, Zanetti virou-se para a platéia
e, num tom que misturava bom humor e desespero, indagou: "Tem
alguma secretária aí para me ajudar?".
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