Texto escrito por Ahmed Zohair Anka, graduando em Engenharia de Biossistemas e
bolsista no Programa Bolsa Unificada sob orientação do Prof. Dr. Fabrício Rossi
O Simpósio Internacional de Iniciação Científica e Tecnológica da USP (SIICUSP) é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Pesquisa da USP e tem como objetivo divulgar os resultados dos projetos de pesquisas científicas e tecnológicas realizadas por alunos de graduação da USP e de outras instituições nacionais e internacionais. O SIICUSP, realizado anualmente, conta com a inscrição de cerca de 5.000 trabalhos referentes às diversas áreas de conhecimento científico e tecnológico. Todos os bolsistas dos programas de Iniciação Científica (PIBIC) e de Iniciação Tecnológica (PIBITI) têm o compromisso de apresentar os resultados de suas pesquisas no SIICUSP. O evento chegou em sua 23º edição e no dia 8 de setembro de 2015 aconteceu a primeira fase na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA/USP) , sendo apresentados os resultados de 124 projetos pelos alunos dos cursos de Engenharia de Biossistemas, Engenharia de Alimentos, Medicina Veterinária e Zootecnia. Destes trabalhos, 15% serão selecionados e participarão da segunda etapa em São Paulo. O curso de Engenharia de Biossistemas contou com a participação de 36 estudantes. Abaixo são descritos alguns destes trabalhos.
A graduanda Natacha de L. Paganini apresentou seu pôster intitulado: “Avaliação da atividade antioxidante de resíduos agroindustriais”.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a potencialidade do aproveitamento de resíduos sólidos da indústria de óleos essenciais (folhas de citronela após hidrodestilação) e da produção de soja (palha) como matérias-primas para a extração de antioxidantes úteis como aditivos funcionais e/ou conservantes, assim como avaliar a variação da propriedade antioxidante (poder redutor e antirradical livre) dos extratos obtidos em função da mistura extratora (água/etanol) e da temperatura de extração utilizada. Em sua conclusão, os valores mostraram que somente a citronela é potencialmente útil como fonte de antioxidantes naturais, e que os mesmos podem ser mais eficientemente extraídos com misturas de etanol/água em proporções próximas a 1:1 na temperatura de 50ºC.
O graduando Alex Max da Costa de Andrade apresentou seu pôster intitulado: “Obtenção de nanocompósitos porosos de alumina-zircônia”.
Os biomateriais com finalidade para implantes ósseos devem ser biocompatíveis e biofuncionais, a fim de estimular uma resposta adequada aos tecidos vivos. Dentre a classificação dos biomateriais temos as biocerâmicas que se destacam nas aplicações biomédicas por possuírem uma estrutura química semelhante ao tecido ósseo, e não possuem proteínas em sua composição favorecendo a uma resposta imunológica satisfatória. As biocerâmicas mais utilizadas em implantes cirúrgicos são a alumina (Al2O3) e a zircônia (ZrO2), são materiais de natureza bioinerte quando inseridos em meio biológico. Outra característica importante para um bom desempenho de um biomaterial é a porosidade e a interconexão entre estes poros, o que permite o crescimento de tecidos entre os espaços vazios e a propagação de osteoblastos e células mesenquimais, promovendo desta forma, uma maior integração mecânica do tecido ósseo com o biomaterial.
No presente estudo foi utilizado o método gelcasting para a produção de peças cerâmicas porosas. Este método apresenta-se economicamente viável quando comparado a outros processos convencionais, além disso, os corpos celulares formados proporcionam porosidade superior a 90% (vol.), constituído de poros de geometria aproximadamente esférica e paredes densas com microestrutura homogênea.
O graduando Lucas V. Bragagnolo apresentou seu pôster intitulado: “Estudo dos efeitos da matriz cimentícia sobre fibras de curauá”.
O objetivo do projeto foi caracterizar as fibras de curauá e estudar os efeitos da degradação alcalina provenientes da matriz do cimento sobre a estrutura dessas fibras. Foram realizadas as seguintes caracterizações da fibra de curauá: química, física, morfológica e mecânica. As fibras foram submetidas a três tratamentos, um com água deionizada (T0 – Tratamento testemunha), um em meio aquoso com Solução de Lawrence (T1), e o último em solução aquosa alcalina contendo hidróxido de sódio (NaOH) na concentração de 0,1mol/L. Os efeitos dos tratamentos foram analisados por análise de variância (α= 5%) e as médias comparadas (Tukey) a 5%. Em sua conclusão, a fibra de curauá foi fortemente degradada pelo tratamento T1, provocando queda no seu módulo de elasticidade e tensão máxima de ruptura em relação ao T0. As fibras submetidas ao tratamento T2, não apresentaram degradação quanto a variável de resistência à tração. Portanto, a solução T2 é degradante, porém em menor grau do que a solução de Lawrence.
A graduanda Letícia S. Fernandes apresentou seu pôster intitulado: “Desenvolvimento inicial do tomateiro-cereja em cultivo protegido sob a influência da interação entre Trichoderma spp. e preparados homeopáticos”.
O objetivo foi avaliar a interação entre Trichoderma spp. e preparados homeopáticos (Carbo vegetabilis e Phosphorus) sobre o desenvolvimento inicial do tomateiro.
O experimento foi conduzido em delineamento experimental em blocos casualizados (4 x 3) + 1, sendo três isolados de Trichoderma + ausência e três tratamentos homeopáticos, a saber: Carbo vegetabilis 6CH, Phosphorus 6CH e álcool 30% (veículo das preparações homeopáticas), mais o tratamento testemunha, com cinco repetições. O tomateiro foi conduzido em vasos de 2,5 dm3, em solo previamente esterilizado e misturado com 30 t ha-1 de composto orgânico, 200 mg dm-3 de fósforo (P) e 100 mg dm-3 de potássio (K).
A principal variação no crescimento inicial aos 30 DAT foi no diâmetro do caule do tomateiro-cereja, incrementado pelo Carbo vegetabilis 6CH e pelo Trichoderma isolado “R”, independente da interação.
A graduanda Luana Carolina Menegassi apresentou seu pôster intitulado:“Mitigação de sódio pelo cultivo de adubos verdes em solo irrigado com água residuária de origem agroindustrial e cultivo em sucessão da alface”.
O objetivo da pesquisa foi avaliar a mitigação do sódio com três espécies de adubos verdes em solos previamente cultivados com beterraba irrigada com efluente tratado proveniente de laticínio e o cultivo em sucessão da alface.
O experimento foi conduzido em ambiente protegido, no delineamento em blocos casualizados, com nove tratamentos, em esquema fatorial 3 x 3, sendo três fontes de água na irrigação do cultivo prévio da beterraba: 1) Efluente anaeróbio (EAN); 2) Efluente aeróbio (EA); 3) Irrigação com água de torneira (AT); e o cultivo de três adubos verdes forrageiros, Calopogonium muconoides (calopogônio – CA), Cajanus cajan (guandu-anão – GA) e Pennisetum glaucum (milheto – MI), com quatro repetições. A porcentagem de sódio trocável (PST) no solo antes e depois do cultivo foi: AT = 0,12% – 0,64%, EA = 8,10% – 6,75% e EAN = 9,23% – 7,55%, respectivamente. Após o cultivo foram transplantadas 16 mudas de alface cv. ´Brida´ por parcela, que aos 45 dias foram colhidas e determinadas à massa fresca e seca da parte aérea e raízes.
A bolsista Menegassi verificou que todos os adubos verdes favoreceram o desenvolvimento da alface, atingindo a produção em níveis comerciais.
O graduando Rogério Augusto de Caldas Ayres Estácio apresentou seu pôster intitulado: “Desenvolvimento de uma ferramenta para processamento de biopotênciais elétricos”.
O objetivo do projeto foi desenvolver uma ferramenta de aquisição, pré-processamento (em tempo real) e processamento de sinais biolétricos que permita a aplicação interdisciplinar por usuários de outras áreas, com conhecimento básico de processamento digital de sinais.
O desenvolvimento da ferramenta foi realizado usando como base o trabalho realizado por Estácio (2014). O ambiente de desenvolvimento foi o MATLAB®, uma vez que o software possui um “toolbox” (conjunto de funções pré-definidas) especifico para processamento digital de sinais. Para avaliação inicial (testes do processamento) foi utilizada a base de dados do Laboratório de Física Aplicada e Computacional (LAFAC) formada por sinais de bovinos saudáveis (EEG) e sinais de origem vegetal (biopotênciais de plantas). Para os testes de uso do software na aquisição de sinais foram realizados comparativos com dois equipamentos de coleta com conexão USB e via Bluetooth com sinal de planta (milho).
Por fim, uma ferramenta foi desenvolvida para facilitar a manipulação do processamento de sinais por profissionais de diversas áreas aumentando assim a capacidade do desenvolvimento da tecnologia nos biossistemas produtivos.
A graduanda Ana Carolina Mendes de C. Pereira apresentou seu pôster intitulado: “Termovisão no cultivo de beterraba irrigada com águas residuárias tratadas de laticínio”.
O objetivo do trabalho foi verificar aplicabilidade da termografia no diagnóstico da resposta fisiológica da beterraba cultivada com aplicação de águas residuárias tratadas de laticínio.
O delineamento experimental foi constituído em blocos ao acaso, com quatro repetições, em esquema fatorial (3 x 3) + 1. Os tratamentos foram constituídos de três tipos de água: efluente anaeróbio (EAN); efluente aeróbio (EA); água de abastecimento (AB), todos com 50% da adubação nitrogenada recomendada para a cultura e três lâminas de irrigação (50, 100 e 150% da evapotranspiração da cultura (ETc). A testemunha 100% da adubação nitrogenada mineral, irrigada com água de abastecimento equivalente a 100% da ETc. Para a obtenção das imagens utilizou-se uma câmera colorida digital da marca Testo, modelo 875-2i, com detector de 160 x 120 Pixels, sensibilidade térmica (NETD) < 50 mK, câmara digital integrada com iluminação LED. Por fim, para realizar a análise termográfica, utilizou-se o Testo IRSoft software.
A graduanda concluiu que a termovisão permitiu comparar a temperatura e umidade nos diferentes tratamentos, os quais diferiram do tratamento testemunha.
Através destes projetos nota-se como o Engenheiro de Biossistemas dispõe de uma grande variedade de atuações em pesquisas. Lembre-se que o SIICUSP é um Simpósio Internacional e pode dar a todos que participam uma excelente visibilidade profissional. Que tal participar no próximo ano? E você que participou deste ano e não teve seu trabalho publicado neste post, mas gostaria de tê-lo, envie e-mail com foto e uma cópia do pôster para nossa equipe (portalbiossistemas@usp.br).