Em "O recado do morro" o percurso da viagem secreta sentidos através de uma mensagem que transita entre sete destinatários-destinadores. Ao mesmo tempo, a novela cifra múltiplos níveis de leitura, que envolvem de maneira inseparável o significante, a mímese social, a cosmologia alquímica, a cultura popular e o enigma.
O conto "Famigerado", de Primeiras estórias, permite considerar as pectos da violência na obra de Guimarães Rosa, tal como se configuram no momento em que o jaguncismo, inseparável do mandonismo sertanejo tradicional, sofre mudanças ligadas à urbanização e à modernização, indicadas pelo conjunto do livro. A regra sertaneja da aliança e da vingança, e a inconsistência da lei no sertão, e no Brasil, dão lugar a uma rede de ambivalências condensada no duplo sentido antitético da palavra ?famigerado?. Relações com Sagarana, Grande sertão e Corpo de baile sugerem que a violência fundante, no Brasil, que persiste através das mudanças modernizantes, transparece na obra rosiana como um karma desafiando a sua superação.
Esse trabalho analisa como o crítico e músico José Miguel Wisnik aborda em sua obra a
literatura através das figuras canônicas Machado de Assis e Guimarães Rosa. Para tanto, o
método utilizado foi o de análise de ensaios do crítico paulista que versassem sobre a
importância da literatura brasileira. O corpus é composto pelos ensaios “Machado maxixe”,
de 2004 e “O famigerado”, publicado em 2001, além de entrevistas e resenhas da obra de
Wisnik. Mesmo fazendo incursões imanentistas no texto, em alguns momentos, buscando
pistas nas construções literárias e valorizando a forma de escrever de ambos, o crítico
aproveitou o que seria o fundo histórico para destacar as saídas positivas para o Brasil. Em
nenhum momento se observa a falta de cuidado com a especificidade do literário problema
percebido na crítica positivista, naturalista e no marxismo vulgar, nem um formalismo que
confina o literário num contexto socialmente irrelevante e etéreo. A dialética interpretativa,
identificada na obra de Wisnik, aliada ao seu conhecimento de teoria musical e a um
posicionamento mais positivo perante a história brasileira, portanto, configura uma
perspectiva interpretativa em diferencial.