O presente estudo tem como objetivo verificar como a morte, considerada um momento limítrofe para a existência humana no contexto ocidental, se apresenta sob uma espécie de encantamento na narrativa rosiana. Para compreender as tensões que perpassam o campo de presença do sujeito que se depara com a finitude, apresentamos uma análise a partir dos estudos da semiótica tensiva de Zilberberg, que concilia muitas das contribuições da fenomenologia de Merleau-Ponty junto com os postulados de uma semiótica de cunho estruturalista de Greimas. Acreditamos que é a partir dos conteúdos sensíveis que podemos compreender melhor os contos rosianos.
O presente ensaio, prevendo a relação entre literatura e filosofia, trata da questão do pacto em Grande Sertão: Veredas, romance publicado em 1956, por João Guimarães Rosa, e parte da ideia de que as questões da existência do diabo e da possibilidade do pacto, são as grandes dúvidas que vigoram na obra do autor mineiro, e fatos que se desvelam responsáveis pela problemática central do romance, por meio dos quais sairão todos os outros questionamentos sobre a existência humana: o ser ou não ser; o bem e o mal; vida e morte; deus e diabo, o amor e verdade. Para tanto, propomos um tipo de hermenêutica que possibilita o intérprete, ao questionar a obra, ser por ela questionado, indo em busca do que lhe é próprio: é o que chamamos de exercício de escuta crítica.