Este trabalho analisa os contos "A menina de lá" e "Um moço muito branco" de João Guimarães Rosa e objetiva demonstrar o diálogo que o enunciador rosiano estabelece com o discurso mítico, perceptível na estrutura dos dois contos. Para isso nos valemos das relações que Calame (1986) estabelece entre o discurso mítico e cada um dos diferentes níveis do percurso gerativo de sentido da semiótica francesa.
O presente ensaio, prevendo a relação entre literatura e filosofia, trata da questão do pacto em Grande Sertão: Veredas, romance publicado em 1956, por João Guimarães Rosa, e parte da ideia de que as questões da existência do diabo e da possibilidade do pacto, são as grandes dúvidas que vigoram na obra do autor mineiro, e fatos que se desvelam responsáveis pela problemática central do romance, por meio dos quais sairão todos os outros questionamentos sobre a existência humana: o ser ou não ser; o bem e o mal; vida e morte; deus e diabo, o amor e verdade. Para tanto, propomos um tipo de hermenêutica que possibilita o intérprete, ao questionar a obra, ser por ela questionado, indo em busca do que lhe é próprio: é o que chamamos de exercício de escuta crítica.
O presente trabalho pretende iniciar uma reflexão sobre a importância da multi- plicidade lingüística e do processo de tradução nos escritos de João Guimarães Rosa. Pretende-se apontar para a vocação da obra rosiana para um diálogo multilíngüe entre diversas culturas e literaturas do presente e do passado.
O presente artigo procura discutir as noções de SER e de TEMPO na relação
dialógica entre cultura e linguagem nos contos Sorôco, sua mãe, sua filha, de João Guimarães
Rosa e A Carta, de Mia Couto. É uma busca de análise comparativa na qual procuramos
identificar os elementos convergentes entre as duas obras. Metodologicamente fizemos uma
abordagem teórica a partir de Heidegger (1997), Bakthin (2000) e Said (1993). A abordagem
filosófica pautada na abordagem teórica e cultural possibilita a percepção de nuances nos
contos que apontam para diferentes vozes que se sobrepõe e ao estatismo da narrativa.
Conclui-se que, tanto Rosa, quanto Couto, mesmo separados, conseguiram imprimir um
caráter altamente filosófico em seus contos e trouxeram discussões importantes sobre a
relação do ser e do tempo presentes na literatura.
O que procuramos quando estamos diante do espelho? O faríamos diante de um espelho sem a imagem que esperaríamos encontrar? Na literatura isso é bastante recorrente. Este trabalho se ocupa com três exemplos nos quais não apenas a questão do espelho é discutida, mas a questão da perda do reflexo como questionamento do Ser. Nas obras homônimas “O Espelho”, de Machado de Assis e Guimarães Rosa, além de “O Reflexo Perdido” (Das Verlorene Spiegelbild) (1815), do escritor alemão E.T.A. Hoffmann, observamos a dinâmica dos espelhos enquanto questão. Na verdade, o percurso dos personagens aparecem no reflexo perdido de cada um: na ausência de suas imagens passam a questionar sua existência. É aí que então, cada um deles encara o seu desdobramento de uma maneira diferente, mas todos através do diálogo. Note-se que quando os personagens perdem seus reflexos, o real, que se dá como realização de mundo, sentido e verdade, se perde. E o que vem a ser mundo sentido e verdade? São questões, e como tais, se manifestam enquanto se retraem tornando-se assim necessária a busca, o percurso. O mundo é a realidade se dando como sentido e quando isso é rompido, este se perde. Diante do espelho o homem se vê um monstro ou uma imagem desfigurada, ou não se vê. Essa quebra de seu mundo, que é aquilo que ele tem por verdade, de repente se esvai, e assim se abre a questão do que é mundo, sentido e verdade, e o que é o homem diante de tudo isso.