Com apoio em entrevistas, correspondência e álbuns de recortes constantes do Fundo João Guimarães Rosa do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, pretende-se inicialmente apontar elementos relativos ao traçado de um perfil de leitor postulado pelo autor para sua própria obra. Em seguida, são focalizados caminhos e estratégias utilizadas por Rosa para atingir esse mesmo leitor.
Uma visão retrospectiva da crítica dedicada à obra de João Guimarães Rosa desde 1945 até 2005, à base de recortes do Instituto de Estudos Brasileiros, distinguindo fases nítidas de orientação teórico- crítica na evolução de sua significação literária.
Como têm sido publicados, em número crescente, trabalhos baseados na noção/conceito de alegoria sobre a obra rosiana, dos quais alguns têm tido repercussão e visibilidade nos meios acadêmicos - pela seriedade e também pela originalidade com que analisam seu objeto -, examinamos três estudos que tratam a obra de Guimarães Rosa, sobretudo Grande sertão: veredas, como alegoria histórico-política e social do Brasil: de Heloisa Starling, de Willi Bolle e de Luiz Roncari, que, recentemente, sobretudo os dois últimos, publicaram estudos alentados nessa direção. Esses autores têm procurado realizar uma reinterpretação de Grande sertão: veredas a partir da concepção de alegoria, em especial, a de Walter Benjamin, estabelecendo um paralelismo entre o romance rosiano e estudos de historiadores e sociólogos como Oliveira Vianna, Caio Prado Jr., Sérgio Buarque de Holanda, Raimundo Faoro, Gilberto Freyre. Trata-se de leitura que tem raízes, principalmente, nos ensaios de Antonio Candido e de Walnice Nogueira Galvão e que, pelo modo de interpretar a relação realidade/obra de fi cção, traz implicações que merecem ser discutidas.
O presente artigo analisa a colaboração de Dirce Côrtes Riedel para a recepção crítica de Guimarães Rosa, levando em conta a publicação de ensaios e livros dedicados à obra do autor. Acrescenta ainda
o papel da intelectual na formação de professores e pesquisadores de várias universidades do país.
Apoiando-se no exemplo da tradução alemã de Grande sertão: veredas, o presente ensaio estuda o conjunto da recepção, interpretação e tradução da obra de Guimarães Rosa, seguindo o caminho da interpretação meramente metafísica de Rosa a partir da crítica brasileira, passando pela recepção alemã, manifestando-se na formulação do texto da tradução alemã. Ao mesmo tempo, o estudo faz uma crítica à exclusividade da metafísica numa vertente da crítica literária, mostrando como uma obra caracterizada pela ambigüidade e polifonia é mistificada e prejudicada ao ser reduzida a significados abstratos e sem fundamentos na realidade.