Neste ensaio buscamos fazer uma aproximação preliminar e pouco comum das poéticas de Fernando Pessoa e Guimarães Rosa, a partir da análise de sua produção nos textos das “Ficções do Interlúdio”, do português, e das “Coisas de Poesia”, do brasileiro, considerando questões como o espaço literário, a desleitura da tradição canônica e a despersonalização do artista moderno.
Este ensaio propõe uma aproximação preliminar e pouco comum das poéticas de Fernando Pessoa e Guimarães Rosa, a partir da análise de sua produção nos textos das “Ficções do Interlúdio”, do português, e das “Coisas de Poesia”, do brasileiro, considerando questões como o espaço literário, a desleitura da tradição canônica e a despersonalização do artista moderno.
Guimarães Rosa e Clarice Lispector têm sido vistos como fenômenos isolados em nossa história literária, como se eles inaugurassem caminhos de todo inéditos em nossa literatura. Este trabalho procura mostrar que essa sensação se deve menos à obra desses dois autores do que à visão pouco abrangente que se cristalizou acerca da geração que os antecedeu. De fato, um olhar cuidadoso sobre o romance de 30 demonstra que o sistema literário brasileiro estava pronto para o surgimento de Guimarães e Clarice nos anos 40.
Grande Sertão: Veredas, uma experiência transformada em arte, insere-se na tradição literária do País. A proposta não contempla, pois, interpretar conteúdos de representação na obra de Guimarães Rosa. Ao afirmar que na ficção rosiana a forma produz indeterminação, busca-se neste ensaio especificar o sentido es-tético-político, responsável pelas interações funcionais do autor com o leitor.