Apresentam-se, aqui, breves considerações a respeito da correspondência entre dois universos épicos: o da Ilíada de Homero e o do Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, a partir de comentários feitos por Antonio Candido sobre o romance do escritor mineiro.
Setor de Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Letras
O tema central da dissertação é a digressão geográfica em Grande Sertão: Veredas (1956) de João Guimarães Rosa (1908-1967), que se instaura na narrativa por meio das características do sertão e transforma-se em elemento que ativa a memória do narrador. A dissertação tem como objetivo analisar a função das digressões geográficas, exemplificando e explicando de que forma contribuem para a estruturação do sentido e da conformação estética do romance. As digressões são avaliadas a partir de duas hipóteses: a primeira as investiga como figuração subjetiva e afetiva do narrador e sua conexão com as memórias relacionadas às relações amorosas, especialmente com Diadorim. Sob a segunda hipótese, confronta-se a figuração do espaço físico como subjetivação, considerando-se a presença do espaço físico telúrico, sua paisagem humana e natural. As digressões são constituídas na obra por meio da interação de tipos variados de memória que influenciam diretamente na sua constituição estilística e associam-se a diferentes gêneros literários e discursivos. As análises estão amparadas pela relevância da tradição oral no romance e do emprego das técnicas da tradição oral, assim como pela interação dos gêneros discursivos primário e secundário. Nesse contexto, a metodologia para identificar as digressões foi elaborada a partir do estudo de digressões na Retórica Antiga e de técnicas de performance de cantadores e contadores tradicionais; as análises estão embasadas em teorias conversacionais e análise do discurso.