Neste artigo, são analisados comparativamente o romance de formação paradigmático Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister, de Goethe, e Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, sob a perspectiva teórica de Mikhail Bakhtin.
As reflexões apresentadas neste breve artigo surgiram a partir de uma leitura de duas obras – o Fausto de Goethe e Grande sertão: veredas de Guimarães Rosa -, leitura que tenta mostrar não tanto os pontos em comum entre os dois textos, mas, sobretudo, as divergências em relação à questão pactária, isto é, as modalidades nas quais os dois protagonistas, Fausto e Riobaldo, realizam o encontro com o diabo, com o “mal”. Na obra do escritor mineiro se evidencia um afastamento dos topoi que caracterizam as obras relativas a esse tema – ao contrário do que ocorre no Fausto de Goethe – e se chega à conclusão de que só “existe é o homem humano”.
Neste artigo, buscamos contextualizar o legado de Mikhail Bakhtin relacionado a
Goethe e apresentar informações sobre a atualização da obra do próprio Bakhtin, a qual teve, em
anos recentes, sua versão completa e definitiva. Também realizamos um pequeno estudo
comparativo do tratamento expressivo dispensados aos números no Fausto de Goethe, em
Gargântua e Pantagruel, de Rabelais, e no conto “O recado do morro”, de Guimarães Rosa, de
uma perspectiva bakhtiniana