Sala 39

Dietas sem prescrição médica: O uso de shots anti-inflamatórios como forma de emagrecimento e suas consequências à saúde

O crescente uso de substâncias “milagrosas” para o emagrecimento estético vem se tornando uma preocupação para muitos especialistas da área da saúde

Foto: TBC

Por: Isabel Briskievicz Teixeira e Luise Silva

Editora: Sophia Vieira

Nas redes sociais, popularizou-se a discussão sobre famosos os quais incentivam o uso de substâncias que prometem a rápida perda de peso e a eliminação de toxinas que impedem que isso aconteça. A prática induz que o café da manhã deve ser substituído por um copo de limão com cúrcuma, em jejum. No entanto, quais riscos essa substituição traz à saúde?

Devido à pressão estabelecida pelo padrão estético da magreza excessiva, predominantemente evidente na sociedade, muitas pessoas praticam dietas absurdas sem o acompanhamento de um profissional e caem nos devaneios de “fórmulas mágicas” a fim de emagrecer. Para entender os riscos dessa tendência, a Professora Titular do departamento de Bioquímica da Universidade de São Paulo, que atua na área de Metabolismo Energético, Alicia Kowaltowski, concedeu uma entrevista ao Jornal Sala 39. “Nem toda forma de obesidade está relacionada à inflamação. Fazer o uso de limão e cúrcuma como shots matinais está completamente fora da Literatura Científica, pois existem diversas formas de emagrecimento”, afirma a médica.

Vincular saúde com perda de peso e manter medidas é algo que ainda se deixa a desejar por muitos brasileiros. Como forma de alcançar o corpo perfeito, muitas pessoas, de ambos gêneros, esquecem de colocar a saúde em primeiro lugar. A Professora Alicia acrescenta que “as pessoas esquecem que obesidade não é por falta de uma boa vontade. Existem perfis genéticos que levam a pessoa a ter mais fome e afinidade por alimentos de altas calorias. Não é culpa da pessoa”.

Foto: Divulgação

É necessário lembrar que esse forte apelo ao culto à magreza, por pessoas que não procuram sobre o assunto, traz consequências sérias à saúde. A pesquisadora
explica ainda que “o nosso corpo produz corpos cetônicos quando estamos em jejum, que são usados por diversos tecidos como fonte de energia nos períodos entre refeições. Ao ficar muito tempo sem comer, você gera muito corpo cetônico, que em altas concentrações se tornam toxinas. Com isso, você pode entrar em cetoacidose de forma similar a uma pessoa diabética. O nosso corpo elimina naturalmente as substâncias que não são necessárias, tornando desnecessário o consumo desses shots e a prática do jejum”.

Embora muitas problemáticas permeiem a preocupação excessiva com a perda de peso, uma coisa é certa: todo procedimento desse caráter deve ser acompanhado por um profissional da saúde. Hoje em dia, existem diversas formas saudáveis de se atingir um corpo saudável e o avanço da ciência nessa área é satisfatório. Como diz a professora entrevistada, outros caminhos são possíveis. “Existem drogas muito eficazes no mercado; apareceu uma classe nova de moderadores de apetite que foram recentemente aprovados pela ANVISA, e têm indicações médicas claras para casos de obesidades com comorbidades”.

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