São Paulo (AUN - USP) - A suscetibilidade a alguns tipos de doenças pode ser determinada por um cálculo de computador. A professora Wladia Viviani, do Instituto de Química, pesquisa proteínas do sistema imunitário e sua relação com os antígenos que o corpo deve exterminar.

As moléculas do sistema maior de histocompatibilidade (MHC), que também são chamadas proteínas apresentadoras, têm a função de levar à superfície celular peptídeos antigênicos (antígenos cortados em pedaços menores). A combinação de um antígeno com determinado tipo de apresentador determina qual anticorpo será sintetizado na reação à invasão.

Há um número quase infinito de proteínas apresentadoras, portanto, não se pode determinar experimentalmente qual MHC reconhece qual antígeno. Sendo assim, a professora desenvolveu um método teórico que pode prever, para cada proteína, que tipo de antígeno ela pode ou não receber. Estes cálculos de forma e reconhecimento baseiam-se em propriedades físicas e químicas da molécula, combinadas entre si. Isso determina se o MHC e o antígeno são complementares entre si.

Considerando que cada proteína é formada por uma cadeia de aminoácidos, e que existem cerca de 20 tipos de aminoácidos, as possibilidades de combinação para formação da cadeia são numerosas. Desse forma, não são estudadas todas as permutações, mas sim um “lugar” que o aminoácido pode ocupar na cadeia. Determina-se qual o grau de adaptação de um aminoácido a esse lugar e depois cruzam-se as informações para que se possam ter as possíveis seqüências.

As proteínas apresentadoras mostram-se relacionadas à suscetibilidade ou à resistência à cardiopatia chagásica (desenvolvimento de problemas cardíacos em decorrência da infecção pelo Trypanosoma cruzi). A pesquisa da professora concentra-se, então, mais nas quatro proteínas apresentadoras que estão ligadas a esse aspecto.