ISSN 2359-5191

25/04/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 25 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Geociências
Telhas de amianto liberam partículas com potencial cancerígeno

São Paulo (AUN - USP) - Telhas de amianto ao se degradarem liberam partículas fibrosas que têm potencial cancerígeno. O amianto ou fibrocimento é muito utilizado na construção civil para a fabricação de telhados, caixas d’água, tubos hidráulicos e vasos sanitários. Estima-se que no Brasil, devido ao baixo custo e à qualidade do material, 50 a 70% das construções são cobertas por essas telhas. Existem dois tipos de amianto diferentes, o anfibólio - que é notadamente considerado perigoso para a saúde e que não pode mais ser comercializado – e a crisotila que ainda é legalizada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pela OIT (Organização Internacional do Trabalho). O Brasil é o quinto maior produtor mundial de amianto, precedido somente por Rússia, China, Cazaquistão e Canadá.

Fábio Ramos Dias de Andrade, geólogo do Instituto de Geociências da USP (IGc), fez uma análise da degradação ácida das telhas de fibrocimento e mediu a quantidade de asbestos (partículas fibrosas em formato de agulha) desprendidos por telhas antigas. Ele constatou que o desgaste - causado pelo vento, pela chuva e pela presença de organismos vivos nas telhas antigas do IGc - fazia com que fibras se soltassem do telhado, contaminando o ar com o seu potencial tóxico. As fibras são facilmente percebidas a olho nu e sua presença na atmosfera pode causar derrame, câncer de pulmão e de laringe.

Existe um grande interesse das empresas produtoras de amianto em patentear estudos sobre a avaliação da toxicidade deste material na tentativa de negar a tese de que a substância seria prejudicial à saúde. Fábio de Andrade diz que o seu trabalho procurou ser neutro, ao mesmo tempo em que tentou mostrar o que é omitido ou até mentido para a sociedade. Em sua opinião, o problema principal é que, às vezes, as pessoas não sabem que estão lidando diretamente com o amianto e desconhecem os perigos que isso pode acarretar para a saúde.

O geólogo alega que telhas antigas, que deveriam ser despejadas em aterros especiais, muitas vezes são levadas a lixões convencionais. Pessoas que reutilizam estas telhas antigas para a construção de barracos estão ainda mais sujeitas à ação prejudicial do amianto, uma vez que a porosidade das telhas antigas aumenta com o seu desgaste e a proporção de fibras liberada é maior.

De acordo com o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o valor movimentado pela comercialização de amianto crisotila, no Brasil, superou, em 2006, a marca de R$ 240 milhões. As empresas de amianto alegam que quaisquer restrições ao uso de crisotila causariam prejuízos elevados à balança comercial brasileira, da ordem de US$ 180 milhões/ano com a importação de produtos substitutos, como o polivinílico álcool (PVA) e o polipropileno (PP).

No início de abril, foi protocolada pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) e pela Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a lei Federal 9.055/95, que regulamenta a produção e o comércio de amianto. As associações procuram banir o uso da substância com base na alegação de que um milhão de trabalhadores - 500 mil da construção civil - estariam expostos aos riscos dessa prática.

Já existem 27 leis estaduais e municipais que restringem o uso da substância. 42 países já baniram a utilização do amianto, inclusive do tipo crisotila, devido aos potenciais riscos à saúde. O Canadá, que é o quarto maior exportador mundial, proíbe a utilização do amianto no mercado interno.

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