ISSN 2359-5191

25/04/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 25 - Meio Ambiente - Escola Politécnica
Embalagens biodegradáveis ganham destaque com o aumento da poluição ambiental

São Paulo (AUN - USP) - O uso excessivo de sacolinhas de supermercado intensificou o debate sobre o impacto ambiental causado por embalagens plásticas. Estas, além de não serem biodegradáveis, são feitas a partir do petróleo, que é uma fonte não renovável. Esse problema evidencia a importância da pesquisa, realizada pelo Laboratório de Engenharia de Alimentos da Escola Politécnica da USP, que desenvolve embalagens biodegradáveis ativas.

Segundo Cynthia Ditchfield, pesquisadora desse projeto, a perspectiva de escassez do petróleo e o problema ambiental causado pelo plástico aumentaram a procura das indústrias por esse tipo de pesquisa. “As empresas têm interesse tanto nas embalagens biodegradáveis, quanto nas tradicionais, mas feitas a partir de fontes renováveis”, afirmou Cynthia.

A embalagem desenvolvida pela pesquisa é um filme, produzido a partir do amido de mandioca, que se decompõe rapidamente, como um resíduo orgânico. Além de ser biodegradável, ela se destaca por também ser ativa, ou seja, capaz de interagir com o produto. A partir dessa possibilidade de interação, a pesquisa desenvolve duas vertentes: a dos antimicrobianos e a dos indicadores de pH. A primeira tem por objetivo conservar o produto por mais tempo, através da adição de ingredientes que inibem a proliferação de microorganismos. Já a vertente dos indicadores de pH busca alertar o consumidor a respeito da qualidade do produto, pois o filme muda de cor, de acordo com a acidez do alimento.

Mas ainda faltam alguns ajustes para a inserção da embalagem ativa biodegradável no mercado. É necessário, por exemplo, melhorar sua resistência e alcançar um nível de produção industrial. Além disso, os custos para inserir em uma mesma embalagem as duas propriedades (interação com o alimento e decomposição rápida) tornam o produto pouco competitivo. Existem indústrias, no exterior, que já aplicam a tecnologia ativa em embalagens convencionais. Há também empresas que investem somente no aspecto biodegradável. A possibilidade de se economizar, optando por apenas uma das características, prejudica a popularização dessa embalagem, que é inovadora justamente por ser, ao mesmo tempo, ativa e biodegradável.

Uma outra etapa da pesquisa seria pensar o lado atrativo desse produto. Afinal, as empresas não vêem as embalagens apenas como proteção, mas também como uma estratégia de marketing. “Fazemos um filme transparente bem parecido com o plástico normal e, conforme inserimos substratos, ele fica mais colorido, mais bonito”, esclarece Cynthia.

Uma forma de incentivar pesquisas como esta, realizada pelo Laboratório de Engenharia de Alimentos da USP, seria aumentar a fiscalização sobre o uso de embalagens plásticas. Um exemplo é a proibição da distribuição gratuita de sacolinhas de supermercado na China, país que produz três milhões de toneladas de resíduos plásticos por ano. Mas, Cynthia alerta que, para intensificar a fiscalização, é preciso oferecer um maior número de alternativas, ter o consentimento da população e organizar um programa de coleta seletiva de lixo mais eficiente. “Não adianta você coibir o uso, sem ter um suporte para isso. Sem ter uma alternativa fica complicado”, constatou Cynthia.

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