São Paulo (AUN - USP) -Os cupins estão entre os animais que mais causam danos patrimoniais nas cidades. Em busca de celulose, seu alimento, atacam de livros a estruturas de casas, podendo gerar sérios problemas. Árvores também não deixam de ser uma preocupação. Nas cidades, elas são especialmente vulneráveis, pois danos causados por automóveis ou mesmo vandalismo muitas vezes facilitam a infestação pelos insetos. Quando isso ocorre, há risco de que elas desabem.

Há uma linha de pesquisa no sentido de avaliar os danos causados pelos cupins, assim como sua distribuição geográfica e formas de controle. A pesquisa é realizada pelo IPT, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, que funciona na USP, que também presta assistência a órgãos públicos que têm problemas com os insetos. O acompanhamento já foi oferecido anteriormente também a empresas privadas, mas teve que ser restringido devido ao excesso de demanda, como informa Silvia Regina Gomes de Toledo.

Toledo trabalha para o Laboratório de Preservação de Madeiras, órgão ligado ao IPT, e esteve prestando esclarecimentos sobre os cupins na USP na Semana Nacional de Tecnologia. Um estande foi montado em uma das várias tendas que foram espalhadas pela Praça do Relógio, recentemente. Nele foram exibidas peças danificadas por cupins. Um pé de sapato se mostrava desgastado de uma forma que o uso prolongado não explica. Ao seu lado descansava um relógio de luz dentro do qual um ninho inteiro havia sido construído – Os cupins constroem ninhos a base de saliva, fragmentos de madeira, terra e excrementos. Molduras de madeira e rodapés de porta também fazem parte do acervo. Ele foi obtido a partir dos trabalhos de campo do IPT.

Uma das peças mais interessantes era um conjunto de livros que tiveram suas páginas intensamente danificadas. Eles eram dispostos como numa prateleira e sua lombada não demonstrava sinais de infestação. Foi a mesma impressão que seu dono teve. O armário em que estavam possuía um vidro na parte da frente do qual se podia observar apenas a lombada. O que o IPT verificou é que a parte de trás do móvel foi inteiramente comida, assim como as páginas dos livros, sem que isso fosse notado. A atividade muitas vezes silenciosa dos cupins pode causar danos mais preocupantes do que a perda de uma biblioteca. A infestação de uma parede vazia, por exemplo, como um quadro afixado no estande dizia. Esse tipo de dano estrutural grave é causado majoritariamente por cupins subterrâneos, como os da espécie Coptotermes gestroi. São os de maior impacto econômico.

Há também os cupins de madeira seca, como Cryptotermes brevis, mas esses não constroem colônias em paredes e sim principalmente em móveis. São eles que causam problemas como os de uma senhora que passava pelo estande. “Eles se alimentam de porcelana?”, pergunta. Os cupins tinham comido seu armário e danificado alguns pratos. Toledo esclareceu então que os insetos se alimentam estritamente de celulose, mas que podem realmente danificar outros materiais quando constroem túneis em busca de alimento.

A maior parte dos visitantes foram, no entanto, estudantes, público alvo da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Alunos do ensino médio mostravam maior interesse nas explicações, mas os do ensino fundamental e da educação infantil também passaram pelo estande. Muitos paravam para observar os insetos – havia exemplares vivos em placas de petri. Os cupins 3D também chamavam a atenção. Quando observados com óculos especiais deixados à disposição do público dois grandes cupins, um de madeira seca e outro subterrâneo, saltavam de seus banners. “Parece que eles vêm para cima da gente” comentou uma aluna da Educação Infantil que visitou o estande com duas colegas.