ISSN 2359-5191

14/11/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 125 - Saúde - Faculdade de Saúde Pública
Oficinas de arte ajudam a promover saúde entre trabalhadores

São Paulo (AUN - USP) -A arte pode ser usada para melhorar a saúde de operários, de acordo com pesquisa. Daniel Cywinski, aluno de Mestrado da Faculdade de Saúde Pública da USP, defendeu em outubro uma dissertação que certamente foge aos padrões da sua área. A partir de um estudo de caso, ele descobriu que as atividades culturais podem melhorar a saúde dos trabalhadores e até reduzir o número de acidentes na construção civil.

A Associação Mestres da Obra, sediada no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, foi o ponto de partida para a pesquisa. Há sete anos, o grupo organiza oficinas de arte para operários. Os ateliês são montados no próprio canteiro de obras e o material usado são as sobras da construção – arames, pedaços de madeira, instalações elétricas. Os temas trabalhados são sempre próximos à realidade dos alunos, como religião e cultura brasileira, procurando quebrar seus medos em relação à Arte.

Daniel conta que um dos pontos principais da sua pesquisa foi o problema dos acidentes de trabalho. “Muitos desses acidentes têm origem muito atrás, no processo de migração e de degradação do ser humano, submetido a condições ruins de transporte e de moradia, até chegar a um trabalho perigoso e deixar de se preocupar com a segurança.”. Após a passagem pelo projeto, a pesquisa revela que os operários passaram a ter mais cuidados com a saúde, e melhoraram as relações interpessoais no trabalho, reduzindo a tensão e o stress.

A pesquisa ainda mostra outros benefícios para quem teve contato com os ateliês. No trabalho, o aumento da criatividade valorizou os empregados aos olhos dos contratadores, já que eles se tornaram mais aptos a resolverem problemas cotidianos e a se relacionarem com os outros. A visão que os operários tinham sobre o próprio trabalho também melhorou, já que eles passaram a associar o ambiente a algo mais estimulante. No âmbito familiar, percebe-se que o gosto pela Arte foi levado para as casas e alguns alunos levaram suas famílias a museus após visitas com o projeto.

A maior conquista apontada pelo estudo, porém, foi em relação à auto-estima. Daniel explica que, ao se responsabilizarem pela criação das obras de arte, os trabalhadores deixaram de ser apenas “realizadores” das idéias de terceiros (arquitetos e engenheiros) e descobriram-se artesãos, tornando-se produtores e consumidores de Arte. “A bagagem cultural desses homens é fortíssima e o ateliê tenta resgatar isso”.

Beleza nas ruínas do Carandiru
Na Galeria Mestres da Obra, estão expostos os trabalhos realizados nos ateliês e alguns se destacam por sua originalidade e força. Num dos cantos, sobre um cubo de concreto, foi erguida uma torre de arame circular, de uns 30 centímetros de altura. Enroscado, no meio, pode-se ver, com algum esforço, um terço esverdeado. Uma luz vermelha ilumina a obra e faz justiça ao nome:“Carandiru”. Todas as peças foram feitas com materiais encontrados no próprio canteiro – esta,foi feita durante a desativação do presídio.

Serviço:
Galeria Mestres da Obra

Rua Barão de Tatuí 198 Santa Cecília SP

Fone: (55) (11) 2574-8879 / 2574-8856

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