São Paulo (AUN - USP) - Nem sempre um projeto precisa ser complexo para ser eficiente. Preocupados com as doenças que podem ser contraídas a partir do consumo de água contaminada, alunos do ensino fundamental do município de Tailândia, no nordeste do Pará, desenvolveram o Forno Solar, um projeto simples, porém muito eficaz no tratamento da água.
Esse projeto foi exposto pelos alunos Micael Rubens Cardoso da Silva, Larissa Araújo de Souza e Vitória Gomes Ferraz, na sétima edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace). A feira aconteceu recentemente na Escola Politécnica da USP.
Outro aspecto importante do projeto é que ele é muito barato e acessível. “A comunidade tailandense, que antes consumia água dos igarapés apenas coada, agora trata a água no Forno Solar antes de beber”, conta Micael.
O Forno Solar é uma caixa de papelão forrada por dentro com papel alumínio, com uma tampa de plástico transparente (sacola plástica ou filme plástico). Dentro colocam-se garrafas PET transparentes cheias de água já coada. O alumínio é necessário para refletir os raios solares e as garrafas precisam ser transparentes para permitir a passagem dessa radiação solar.
A caixa com as garrafas deve ser exposta ao sol por pelo menos cinco horas e, após esse período, a água pode ser consumida. A desinfecção da água acontece porque os microorganismos causadores de doenças são sensíveis à radiação solar e ao calor excessivo.
Esse processo ajuda a prevenir doenças como a Giardíase, a Cólera, a Diarréia aguda e a Hepatite Infecciosa. Essas enfermidades são uma das principais causas de mortalidade infantil em comunidades carentes, que não têm acesso à água filtrada ou mineral.
Análises de amostras de água de poços, igarapés e torneiras da cidade de Tailândia mostraram que tanto a presença de bactérias quanto as características físico-químicas passaram de insatisfatórias para satisfatórias após o tratamento da água no Forno Solar.
O projeto cumpre um dos principais objetivos da Febrace: estimular estudantes da educação básica de todo o Brasil a desenvolver projetos criativos e inovadores nas áreas das Ciências e Engenharia.
Para serem selecionados como finalistas da Febrace, os alunos se dedicaram ao projeto por mais de cinco meses, orientados pela professora Dilma Melo de Assunção, e tiveram que passar por outras feiras. Venceram a Feicitec (Feira de Ciências e Tecnologia do Nordeste do Pará) e depois a Feicipa (Feira de Ciências do Estado do Pará), feira afiliada à Febrace.