São Paulo (AUN - USP) - Não há melhor hora para incentivar os empreendedores do que em momentos de crise. No entanto, em paÃses como o Brasil, a vida desses empresários inovadores é atrapalhada pela falta de planejamento e apoio. âO segredo do empreendedor é transformar conhecimento técnico em um grande negócio, colocando-o à disposição da sociedadeâ, afirma o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP) Milton Campanário. Ele debateu com o empresário do ramo de geradores de energia Wilson Poit a respeito das técnicas e dificuldades de começar o próprio negócio no paÃs.
Segundo Poit, o Brasil tem uma grande maioria de empreendedores âde necessidadeâ, ou seja, os que montam uma loja à s pressas porque perderam o emprego. Geralmente, esse tipo de investimento não dá certo, devido à falta de planejamento e inovação. Campanário concorda que precisamos de mais visionários, que encontram formas de lucrar nos momentos mais pessimistas. A história de Poit comprova esse pensamento. Na época do apagão, em 2001, ele juntou todo o dinheiro que tinha e comprou geradores, vendendo-os para quem não tinha energia à disposição e também para eventos. O seu diferencial era que o pouco barulho de seus equipamentos.
Um dos segredos do empreendedor é fazer o negócio sobreviver após a resolução das dificuldades. Ele adaptou o seu serviço a lugares remotos, como a Cordilheira dos Andes. âA energia não chegava lá de jeito nenhum. Fizemos chegar de helicóptero e usamos até boisâ, afirma Poit. Sua empresa atua, além de Brasil e Chile, na Argentina e no Peru, e a próxima meta é a Ãfrica. Também foi a responsável pelos geradores usados no Ano Novo de Copacabana e nas últimas cinco corridas de Fórmula 1 em São Paulo. O empreendedor está otimista com a recuperação mundial da crise financeira, mas não abre mão de uma certa cautela. âOtimista irresponsável quebra a caraâ, opina.
O professor Campanário, que contextualizou teoricamente toda a exposição de Poit, afirmou que a tendência atual das empresas é buscar inovações nos centros de estudo. âHá algum tempo, eles acreditavam que o conhecimento teria que ser gerado de dentro da empresa. Mas a crise dos anos 90 fez com que as inovações fossem buscadas nas universidades e institutos de pesquisaâ, explica. Poit concorda, e incentiva os estudantes a trilhar esse caminho. âO Brasil agradeceria se vocês saÃssem daqui querendo gerar empregos, ao invés de somente arranjar umâ.