ISSN 2359-5191

05/10/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 67 - Educação - Escola de Educação Física e Esporte
Para educador, sociedade não aprendeu com última crise

São Paulo (AUN - USP) - Com a crise econômica que atingiu o mundo todo, há pouco mais de um ano, superada, a sociedade não parece ter aprendido a lição. Em palestra sobre educação, ética e meio ambiente realizada na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, o professor Mario Sergio Cortella, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, argumentou que a crise ética foi maior que a econômica, e o homem ainda não corrigiu seus valores em relação ao meio ambiente.

“No terceiro dia da primavera, a temperatura chegou a 12ºC em São Paulo. O tempo está louco? Não, a atividade do homem que está equivocada”, exemplifica o filósofo, mestre e doutor em Educação pela PUC-SP. Os mesmos vícios de antes da crise podem ser percebidos hoje. Da mesma forma que o homem faz aquilo que quer com sua vida, faz aquilo que quer com os recursos naturais, e a sociedade, extremamente individualista, está se distanciando também da natureza. “Isso acontece porque o homem é um animal arrogante e se sente dono do planeta, quando, na verdade, é apenas um usuário”, diz Cortella.

Para embasar sua análise ética, Cortella, que já foi secretário municipal de Educação de São Paulo, entre 1991 e 1992, utiliza exemplos históricos e atuais. Nascido em Londrina, não esconde seu descontentamento com a ação do homem sobre a floresta de araucária, que há 150 anos era a maior do mundo e hoje resta cerca de 5% da vegetação original, nos estados do Paraná e de Santa Catarina. “Essa floresta sobreviveu à glaciação, há 10 mil anos, e não resistiu a 150 anos de intervenção humana. Antigamente, o homem podia atravessar o Ártico andando sobre o gelo. Hoje, a travessia entre os oceanos Atlântico e Pacífico é feita de navio. O homem não tem consciência de que está aumentando seu desenvolvimento e diminuindo sua segurança”, afirma Cortella.

Consumismo exagerado
Outro ponto alarmante para a humanidade é o consumismo exagerado visto em praticamente todas as áreas ricas do planeta. Sob a visão ética, não adianta pensar que a solução é individual. O meio ambiente exige aprendizado do homem, ou seja, capacidade de se educar para poder existir, mas, atualmente, a dignidade coletiva foi substituída pelo privilégio de poucos. Para Cortella, em menos de 20 anos, essa existência pode estar ainda mais comprometida: “Quando os chineses tiverem supremacia no mundo, se cada um deles quiser ter um carro, um celular, um notebook, como os americanos e europeus querem, e têm, hoje, serão necessários quatro planetas Terra em termos de recursos naturais”.

Apesar da exposição pessimista, o educador diz preferir pensar que a crise foi o primeiro aviso de alerta. “Para Darwin, evolução não era necessariamente boa. Homem, como outras sociedades, está evoluindo para o fim. Como disse o escritor e político britânico, Benjamin Disraeli, ‘A vida é muito curta para ser pequena’. A missão ética da humanidade é evitar, ou pelo menos dificultar, esse apequenamento”.

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