São Paulo (AUN - USP) -As pesquisas clínicas, com participação de seres humanos, são indispensáveis para o avanço da ciência. Novos remédios não podem ser avaliados apenas pelas suas reações em animais de laboratório. No entanto, um grande número desses voluntários tem baixa escolaridade e ficam, por isso, vulneráveis. Estudo realizado pela Faculdade de Medicina da USP revela que, em média, 50% dos pacientes não entendem o conteúdo do termo de consentimento livre e esclarecido que assinam.
O estudo foi resultado de um trabalho de pós graduação com 80 pacientes que se voluntariaram para participar de um projeto de pesquisa sobre hipertensão arterial sistêmica e doença arterial coronária. Além da falta de compreensão da metade, Silmara Menaguin, responsável pela pesquisa, verificou que 32,5% dos participantes sequer leram o consentimento antes de assinarem.
A dificuldade parece estar no uso de termos científicos. Muitos têm dificuldade em entender o vocabulário médico usado. 66,7% não compreenderam a palavra placebo. Feito de farinha ou algo semelhante, não tem valor terapêutico e é usado para isolar os resultados verdadeiros dos falsos. Dos que afirmam entender, apenas 12 conseguem explicar o seu significado.
Os pacientes, em geral, reconhecem que estão participando de testes novos e que isso pode acarretar riscos. A esperança de receber um tratamento diferenciado e uma melhora na saúde, no entanto, parece pesar mais na hora de tomar a decisão de participar da pesquisa. Mas não é o único motivo, 42,5% dos voluntários ingressaram na pesquisa pelo benefício da ciência. Outros concordam com o estudo por confiarem nos seus médicos.