São Paulo (AUN - USP) - Segundo Leda Paulani, economista e professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, o dólar não tem mais capacidade para ser o dinheiro válido no mundo todo. Ao mesmo tempo, Leda diz não haver nenhum outro dinheiro com lastro que possa ocupar o seu lugar. A solução seria então a criação de um dinheiro mundial que não estivesse vinculado a nenhum país.

A proposta da economista surgiu em seu texto para o 6° Fórum de Economia promovido pela FGV-SP que tinha como objetivo responder se o sistema financeiro iria mudar após a crise. O texto foi debatido no recém surgido Lemarx (Laboratórios de Estudos de Marx) que realiza suas reuniões no Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciência Humanas (FFLCH) da USP. Em sua resposta, Leda aponta que a chamada financeirização da economia, processo pelo qual os investimentos são desviados do setor produtivo para o setor financeiro, é um processo inevitável, e que a tendência é que as diversas moedas pelo mundo tivessem cada vez menos sustentação, na linguagem dos economistas, o chamado lastro cambial.

Ela diz ainda que esperar uma solução parecida com a da crise de 1929, com a regulação através de leis trabalhistas como foi o estado de bem estar social, é ilusão, pois o nível de financeirização da economia é muito maior hoje. Suas previsões apontam para uma maior pressão no setor produtivo, ou seja, para balancear o sistema financeiro será necessário aumentar a produção. Assim sendo, a economista aponta como conseqüência a maior flexibilização do trabalho, com perda de direitos trabalhistas, menores salários e maior carga horária no expediente.

Leda citou ainda um último agravante, visto por ela talvez como o maior de todos. O problema, para ela, é que se os ambientalistas estão corretos, e nosso planeta corre riscos caso a produção industrial e a conseqüente emissão de gases nocivos ao meio ambiente não sejam controlados, poderemos estar no caminho de uma catástrofe ambiental.