ISSN 2359-5191

07/02/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 105 - Ciência e Tecnologia - Universidade de São Paulo
USP desenvolve técnica que ajuda diagnosticar cegueira

São Paulo (AUN - USP) - A retinopatia diabética, depois da catarata, é a maior causa de cegueira no Brasil, em pessoas acima dos 6o anos. Em parte isso ocorre porque o diagnóstico é feito tardiamente, quando o problema já comprometeu a visão. Uma nova técnica desenvolvida pela neurocientista Mirella Gualtieri, pesquisadora da USP, pode ajudar médicos a identificar precocemente esse mal antes que ele provoque lesões maiores e irreversíveis na retina.

Atualmente são sete milhões de brasileiros acometidos da doença. Normalmente seu diagnóstico é tardio porque o próprio diagnóstico da diabetes demora a ser notificado, e as pessoas hesitam em procurar serviço médico. Isso dá tempo para que muitas reações se desenvolvam. Outra coisa é o acesso à avaliação da visão. “O atendimento oftalmológico está longe de ser o ideal”, afirma Mirella Gualtieri. “Em muitos casos, a retinopatia diabética é diagnosticada quando há pouco a se fazer. Existe tratamento e ele é feito, mas, muitas vezes, não tem uma taxa de sucesso satisfatória para ajudar a visão da pessoa”.

A retinopatia diabética é um conjunto de alterações da retina. A alta quantidade de açúcar no sangue, característica da diabetes, pode até romper seus vasos sanguíneos, provocando hemorragias e outras lesões que levam, em último caso, à cegueira.

Os estudos da neurocientista basearam-se em uma bateria de exames que geralmente não são realizados. Outro diferencial é o foco principal deles: justamente as pessoas que não apresentam, visivelmente, qualquer alteração nos vasos da retina. Feitos os exames detectaram-se alterações em praticamente todos os pacientes analisados. De 50 a 80% deles reagiram de maneira problemática aos exames realizados.

Os estudos constituíram-se em testes de computador e eletroretinogramas. A tela do computador apresentava às pessoas analisadas estímulos e figuras e elas respondiam, através de um controle parecido com o de um vídeo game, se viam ou não as imagens. Já o eletroretinograma funciona paralelamente igual ao eletrocardiograma. São colocados eletrodos nos olhos e estímulos de luz projetados na retina são captados por eles, constituindo o exame.

As diferenças entre a retina de uma pessoa saudável e de uma diabética, em especial a do tipo II ou tardio, através dos resultados das pesquisas, são os neurônios da retina. Uma classe bastante variada deles tem alteração na sua função, respondendo de forma diferenciada quando comparado a pessoas saudáveis.

A discriminação de cores das pessoas analisadas se mostrou muito pior comparada a pessoas sem problemas. Onde essas viam gradações de cores ou de cinza, o paciente de diabetes tendia a ver tudo como uma coisa só.

Apesar de um auxílio significativo aos médicos na hora de identificar a retinopatia diabética, a bateria de exames ainda é essencialmente realizada em laboratórios de pesquisa, com exceção de algumas poucas clínicas. A pesquisadora espera que ela possa ser utilizada com cada vez mais freqüência para se diminuir consideravelmente as conseqüências drásticas de um diagnóstico tardio.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br