ISSN 2359-5191

26/05/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 20 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Opinião é base do jornalismo internacional da Veja

São Paulo (AUN - USP) - “É impossível explicar o que está acontecendo sem exprimir a opinião da revista.” Segundo Diogo Schelp, editor de Assuntos Internacionais da Veja, a opinião é a base para que o leitor concorde ou discorde da veracidade do conteúdo abordado por uma reportagem. Em uma palestra na Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP), Schelp detalhou cada etapa da produção de textos para a sua editoria.

As pautas sobre acontecimentos internacionais chegam até os repórteres de duas maneiras. A chefia costuma ser muito bem-informada e possui várias ideias para reportagens. Tais sugestões são repassadas ou até mesmo impostas aos repórteres, que seguem para a apuração. As pautas, entretanto, podem partir dos próprios jornalistas que, através de fontes estabelecidas em embaixadas ou em ONGs, por exemplo, descobrem pistas e informações sobre algum acontecimento do cenário global.

A apuração jornalística pode ser feita empiricamente, ou seja, com o envio de repórteres ao local do acontecimento. As viagens servem para ajudá-los a compreender a situação e torná-los aptos a dar um panorama mais completo para os leitores. Apesar de a editoria internacional da Veja dar preferência a matérias feitas com o jornalista no epicentro dos fatos, elas são minoria na revista. Enviar e manter um profissional nesses locais é extremamente caro.

Para dar uma noção do quanto são trabalhosas e dispendiosas as reportagens in loco, Schelp citou uma viagem que fez para cobrir o conflito entre árabes e não-árabes da região de Darfur, no oeste do Sudão. Só para chegar a Darfur, ele levou duas semanas. O governo do país africano dificulta a entrada de jornalistas, para que eles não descubram o que se passa no local.

Quando Schelp finalmente conseguiu permissão para entrar no país, ele levou mais uma semana para apurar e redigir a matéria. Foram grandes investimentos feitos pela revista tanto em tempo quanto em dinheiro, recursos esses que não são abundantes nas redações. Com tanta dificuldade para apurar os fatos nos locais onde eles acontecem, resta aos repórteres fazê-lo de forma indireta, ou seja, através de entrevistas com especialistas e da consulta a livros e documentos.

Com a apuração pronta, começa a redação dos textos. Além de opinativas, as matérias sobre assuntos internacionais devem necessariamente ser densas de informações e, ainda assim, explicar o ocorrido de maneira panorâmica, simples e rápida. Como nem sempre é fácil cumprir essa tarefa usando apenas as palavras como suporte, empregam-se vários recursos visuais, como gráficos, mapas e infográficos, que conferem maior didática às reportagens.

A simplicidade do texto e o emprego dos recursos visuais são fundamentais não apenas para facilitar o entendimento do assunto, mas também para atrair o público para a leitura das reportagens. No Brasil, por exemplo, o jornalismo internacional não tem grande apelo entre a população. Para que atinjam um número considerável de leitores, os temas abordados devem ser muito próximos da realidade das pessoas, impactar diretamente seu cotidiano, e ter uma abordagem original.

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