ISSN 2359-5191

16/07/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 53 - Sociedade - Museu de Arte Contemporânea
Ciclo de palestras discute o fim do modernismo paulista

São Paulo (AUN - USP) - O Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC-USP) promoveu um ciclo de quatro palestras com Naum Simão de Santana, doutor em Artes pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Com o título de “1942: Deformação e Morte do Modernismo”, o curso foi baseado na pesquisa realizada pelo palestrante para sua tese de Doutorado, defendida em 2009.

Inicialmente, o trabalho de Naum focou-se no período de 1939 a 1945, pouco explorado pela historiografia da arte. A partir desta pesquisa preliminar, percebeu que 1942 foi um ano chave para o modernismo paulista: foi nesta época que se fez uma revisão crítica do movimento, motivada pelo desencantamento com seus resultados. “Antes de haver o triunfo, houve uma morte prematura. O objetivo foi pensar o ruído nessa cronografia modernista”, isto é, avaliar se realmente aconteceu a “morte do modernismo” anunciada pela crítica da época.

Para esta análise, Naum fez uso de dois conjuntos de relatos: os livros “Testamento de uma Geração” e “Plataforma da Nova Geração”. O primeiro reúne depoimentos de participantes da Semana de 22, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Di Cavalcanti, que refletem sobre suas conquistas e limitações. O segundo convida membros da geração emergente – Antônio Cândido, Paulo Emílio Salles Gomes, entre outros – a pensar sobre suas perspectivas de atuação, considerando os feitos da geração anterior. A comparação entre os dois livros evidencia o conflito de gerações, apesar do ponto em comum: ambas nasceram sob uma guerra. Saber como os artistas de 22 reagiram à Primeira Guerra Mundial serviria para compreender o que os jovens poderiam fazer após a Segunda.

No “Testamento”, a sensação predominante é a de que o movimento parece não ter atingido seus objetivos. “O modernismo falhou enquanto projeto sociocultural e humanitário mais amplo”, afirma Naum; afinal, seus esforços não foram suficientes para impedir que 1942 se tornasse o ano simbólico da crise moderna, marcado pela fase mais opressora da ditadura Vargas, pela censura, pela guerra e pela ausência de manifestações artísticas coletivas. Naum pondera, ainda, que o modernismo não seria capaz de acertar plenamente devido ao próprio contexto em que se insere: nascido numa época de transição, construiu pesquisas sem nenhuma base anterior no país e sem uma instituição que acolhesse estes debates (os Museus de Arte Moderna de São Paulo e Rio de Janeiro só foram fundados em 1948).

Estas ressalvas não tiram do modernismo seu grande mérito: a destruição dos valores acadêmicos que norteavam a arte desde o colonialismo. Mas, segundo Mário de Andrade, o movimento atingiu seu limite ao se fechar em pesquisas individuais que, ainda que valiosas, não resultaram em mudanças sociais.

Para Sérgio Milliet, outro autor muito citado por Naum, o modernismo seria um momento de decadência, representado pela “desumanização”: a arte moderna é impopular porque não tem elementos que a aproximem do grande público. Sua vitória terminou nos anos 20, com a destruição dos conceitos que o precederam; a fase construtiva que deveria se seguir esbarrou no individualismo da geração de 22 e deveria, portanto, ser empreendida pelos mais jovens.

Ainda segundo Milliet, esta reconstrução seria feita pela arte socialista. Entende-se aqui “socialização” como prática comunicacional e não política: este tipo de arte seria aquela capaz de efetivamente dialogar com o grande público. “Na arte moderna já estavam colocadas as indicações dessa nova cultura, uma solução”, completa Naum; “mas, se a arte não é pensada como função comunicativa, sua função social é limitada”.

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