São Paulo (AUN - USP) - O ELSA, Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto, utiliza em seus questionários escalas inéditas no Brasil para estudar a incidência e os fatores determinantes que causam doenças cardiovasculares e diabetes. As perguntas são aplicadas quando não é possível medir determinada informação diretamente, com apenas uma pergunta.

As escalas já foram estudadas e testadas no exterior. No entanto, no Brail sua aplicação é pioneira. Além disso, foram incorporadas novas perguntas. A intenção é obter dados baseados na realidade brasileira e não apenas em um modelo importado, explica Isabela Benseñor, do Hospital Universitário da USP (HU) e coordenadora do ELSA em São Paulo.

Uma das escalas é a de capital social. Ela analisa o acesso das pessoas a determinados recursos, como conhecer alguém capaz de traduzir um texto em inglês ou dar conselhos sobre como aplicar dinheiro. Outra escala é a de contexto de vizinhança. De acordo com Isabela, cada vez mais o local onde as pessoas vivem afeta sua saúde. Por isso é avaliado o perfil das redondezas onde o paciente habita: se é violenta, se há lugares para caminhar, para comprar frutas e verduras etc.

A confiabilidade dessas escalas ainda está em teste e os resultados devem ser divulgados na metade de 2011. Será analisada sua consistência interna e a capacidade de gerar resultados semelhantes quando aplicadas às mesmas pessoas em situações diferentes.

A primeira etapa do ELSA foi concluída recentemente em São Paulo. Ao todo foram examinados 5.050 participantes em São Paulo com mais de 35 anos. O estudo de coorte (pesquisa de análise prolongada) prevê o acompanhamento desses pacientes anualmente por telefone para observar melhor o estágio inicial de doenças cardiovasculares e diabetes.

O projeto foi resultado de uma parceria entre o Ministério da Saúde e o de Ciência e Tecnologia, que selecionou instituições de seis estados para integrar a pesquisa: Rio de Janeiro (Fundaçaão Oswaldo Cruz), São Paulo (USP), Bahia (UFBA), Espírito Santo (Ufes), Minas Gerais (UFMG) e Rio Grande do Sul (UFRGS) e entender melhor como se desenvolvem essas doenças crônicas em diversas regiões brasileiras.