ISSN 2359-5191

21/10/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 88 - Meio Ambiente - Escola Politécnica
Ex-aluno da USP critica o programa energético brasileiro

São Paulo (AUN - USP) - O Brasil possui uma capacidade instalada de 110 000 MW. Se o país continuar a crescer ele precisará, por volta de 2030, mais que dobrar a sua produção de energia. Isso quer dizer que é necessário aumentar a produção em 5000 MW por ano. Sem contar a gasolina e o diesel automotivo. O pós-graduando na Escola Politécnica (Poli-USP) e ex-professor do IPT, Antal Camargo, julga a atual estratégia brasileira de priorizar os biocombustíveis uma escolha que não poderá suprir as necessidades estratégicas do país, que deixa de lado fontes mais eficientes e modernas como a incineração de lixo, a energia solar e, acima de tudo, o aumento da eficiência (conseguir o mesmo resultado com um consumo menor).

A capacidade de produção hidroelétrica está no seu limite. O Brasil não tem mais como aumentá-la, principalmente na região sudeste a maior consumidora. O uso de termoeletricidade (queima de diesel) é recorrente na região sul, principalmente no inverno quando os reservatórios estão baixos. Mas acarreta muitos danos ao meio ambiente e à saúde pública.

O governo tem alardeado o seu programa de biocombustíveis com o objetivo de suprir a demanda dos transportes. Essa é uma opção que já nasce defasada. Diversas pesquisas já comprovaram que os carros mais eficientes, viáveis e menos poluentes são elétricos. O governo americano financiou uma pesquisa que analisou a viabilidade econômica de produzir 350 bilhões de litros de etanol (equivalente a 40% do consumo de gasolina). Ele concluiu que os esforços teriam de ser gigantescos e os custos muito elevados. O futuro, portanto, está na produção de energia elétrica barata e não poluente.

O Brasil precisa começar a buscar novos meios de produzir energia renovável. O primeiro passo é o consumo consciente. Algumas medidas simples podem parecer insignificantes, mas se universalizadas representam uma economia gigantesca da energia. Como é o caso da substituição das lâmpadas incandescentes por fluorescentes.

Camargo ainda exaltou as especificidades brasileiras. Segundo ele o nosso país é o único do mundo capaz de armazenar energia solar. Isso ocorre devido às hidrelétricas. Instalando painéis solares nas proximidades das barragens é possível fechá-las durante os momentos de sol forte. Armazenando energia na forma de água nos reservatórios.

Outro setor que o governo deixa de investir, ficando para trás no desenvolvimento de tecnologia, é o da incineração de lixo. Essa técnica foi deixada de lado devido ao mau cheiro e poluição. Atualmente as novas usinas, instaladas principalmente na Europa, possuem filtros que eliminam o cheiro e retém as substâncias tóxicas. Esse novo método promete no futuro, alem de produzir energia, resolver o problema da acumulação de resíduos. Para se ter uma idéia, uma tonelada de lixo produz, em média, 500 000 kw/h, o suficiente para iluminar três casas durante um mês.

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