São Paulo (AUN - USP) - O estudo comparado entre o Brasil e a Coréia do Sul mostra que se está investindo nos setores errados de nosso país. Essa idéia é defendida por Gilmar Masiero do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuárias da Universidade de São Paulo(FEA-USP). Segundo o professor, é preciso repensar a atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e priorizar os ramos tecnológicos.
A função dos bancos nacionais de investimento é servir como agentes instrumentalizadores da industrialização em países em desenvolvimento. Masiero fala de como esse papel foi bem exercido pela Coreia do Sul, que conseguiu emergir no meio internacional e hoje desponta como um país de amplo crescimento econômico. "Esse papel foi exemplarmente desenvolvido pelo banco de desenvolvimento coreano. Fez isso ao longo das décadas de 60 a 90, anos de política industrial explícita. Como também ao longo do presente século, anos de política industrial dispersa", afirma o professor.
O grande diferencial está no tipo de investimento que se é feito, acredita Masiero, que já realizou diversas pesquisas na área. No caso brasileiro, investe-se, sobretudo, em grandes conglomerados industriais, capazes de obter recursos sozinhos. Dessa forma, a pequena e média empresa é prejudicada, minando assim a possibilidade de um crescimento mais efetivo. Além disso, a maior parte do capital disponibilizado ao setor produtivo concentra-se no setor primário, prejudicando assim o crescimento da indústria.
Outro aspecto levantado pelo pesquisador está na falta de uma política industrial, bem como da participação da sociedade nessas decisões. Esse fato chama atenção principalmente pelo volume de investimentos que é feito. " O BNDES vem disponibilizando muito capital sem uma discussão da sociedade que poderia -ou deveria - estar materializada numa política industrial. A quem deve ser destinados esses investimentos?", questiona.