ISSN 2359-5191

03/12/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 112 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Artes cênicas da USP discute a lei de fomento ao teatro

São Paulo (AUN - USP) - O Departamento de Artes Cênicas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (CAC/ECA-USP) promove o debate sobre as ações culturais e educativas empreendidas por companhias paulistanas de teatro de grupo contempladas com o Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, que existe desde 2002. Para essa conversa, foram convidados Ademir de Almeida e Fábio Resende, da “Brava Cia”, Luciano Carvalho, da “Cia. Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes” e a professora Maria Lucia Pupo, do próprio Departamento, que pesquisa como os grupos agraciados pela Lei Municipal 13.279/02 (de Fomento ao Teatro) promovem o ensino e a aprendizagem do teatro em vários contextos.

Diante de um quadro de aumento numérico de grupos de teatro paulistanos, tendo em vista lei instituida na cidade - a professora, que em 2008 participou do júri do Programa e que acompanha os trabalhos externos dos alunos do CAC, observa: “as fronteiras do fazer teatral transbordaram o rio primeiro”. Isso porque a política de fomento à essa atividade tem um caráter, até pelos seus critérios de seleção, de promover um benefício social que vai além da encenação de espetáculos e apreciação do público. O que deixa claro esse transbordamento é, por exemplo, o critério que determina que para receber o incentivo, é necessário se tenha uma proposta clara de contrapartida social.

Na pesquisa, Maria Lucia procura descobrir quais são as modalidades de contrapartida social que foram aceitas ao longo dos anos de fomento. Até o momento, descobriu três eixos importantes dessa contrapartida: I) ocupação e reforma de espaços, ll) ação cultural diretamente ligada à atividade cênica e lll) documentação dos processos de criação. A hipótese que estímula o estudo é que as ações desses grupos podem dar pistas para novas possibilidades para a pedagogia do teatro, o que explica a participação da pesquisadora na programação da IX Semana de Teatro e Educação.

Nas histórias contadas pelos representates das companhias, pode se observar algumas das constatações da professora. Os três – Ademir, Fábio e Luciano – apresentaram a história de seus grupos e falaram das ações pedagógicas e da política municipal relacionada ao programa.

Ambas as companhias nasceram da necessidade de adquirir um espaço no meio teatral diante de um cenário cultural um tanto restrito. Luciano, da Cia. Dolores, disse: “tentei duas vezes entrar aqui”, se referindo ao Departamento de Artes Cênicas, onde aconteceu a mesa de debate. Hoje, com uma maior inserção no meio teatral paulistano, o objetivo mudou. O teatro tornou-se, para essas duas companhias, uma ferramenta de luta contra um sistema hegemônico cultural e o modo de produção capitalista. Ambos os grupos não têm hierarquia de trabalho e defendem a classe trabalhadora. Sobre a Lei Municipal 13.279/02, apresentaram suas preocupações com os ataques que ela vem sofrendo. Segundo eles, os decretos governamentais sobre a Lei, acabam reduzindo a autonomia dos grupos e abrem precedentes para uma intervenção cada vez maior em seus trabalhos.

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