ISSN 2359-5191

16/12/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 121 - Economia e Política - Instituto de Geociências
Potencial mineral da Amazônia é descoberto por acaso, relembra explorador de Carajás

São Paulo (AUN - USP) - Durante um vôo expedicionário da mineradora Unitated States Steel (USS) sobre a floresta amazônica, na década de 60, algo chamou a atenção de um dos geólogos do grupo: a grande presença de clareiras na mata densa da região. Futuramente o geólogo Breno Augusto dos Santos descobriria que esta anomalia indicava a grande presença de minério de ferro no solo do local. Mais tarde este local seria conhecido como Carajás, a maior mina de hematita de ferro do mundo. Os métodos utilizados na descoberta de Carajás e seu processo de aquisição pela estatal Vale do Rio Doce foram descrito em palestra realizada no dia 29 de novembro, no Instituto de Geociências (IGc) da USP.

“Quantos geólogos trabalham a vida inteira e não faz uma grande descoberta, enquanto eu, no início da minha carreira, já tinha descoberto Carajás”, vangloria-se Santos. Atualmente Carajás é considerada a maior mina de ferro já descoberta no mundo.

Descoberta
Em meados da década de 60, Santos era um jovem funcionário da Unitated States Steel (USS). A USS era uma mineradora estadunidense, que controlava duas minas de manganês no Brasil e enfrentava problemas financeiros devido às lutas de independência contra o neocolonialismo dos países africanos, continente com forte presença da USS.

Neste contexto, a USS foca suas atividades na descoberta de manganês no território brasileiro e financia uma missão de exploração na região amazônica do país. “A primeira coisa que vi e estranhei, enquanto sobrevoávamos a região que achamos ser rica em manganês, foram as grandes clareiras que encontrávamos no coração da floresta. Não existia nenhuma explicação clara para elas existirem”, relata o geólogo.

Depois de muita insistência, Santos consegue um helicóptero e o aval de sua equipe para explorar uma das clareiras: este é o primeiro passo para a descoberta de Carajás. “Ao explorar uma das clareiras, descobri que elas eram, na verdade, uma enorme anomalia geobotânica”, diz.

Após os primeiros testes de campo, nota-se que o solo das clareiras era extremamente rico em minério de ferro e, por essa característica, não permitia desenvolvimento de plantas de maneira semelhante ao restante da floresta.

“O grande mérito da nossa descoberta foi a observação daquela anomalia que passou despercebida por muitas mineradoras, que já atuavam na região”, afirma o geólogo.

Vale do Rio Doce
As primeiras projeções da capacidade da mineral da região indicavam um potencial de 2 a 35 bi de toneladas de Ferro, atualmente, estima-se que a capacidade real seja de 18 bi.

Tamanha descoberta estava além das forças da USS. “A USS não teria habilidade política para manter seu controle sobre a mina”, relata Santos. Com isso, em 1970, é criada a Amazônia Mineração S/A, com 51% das ações sob o controle da Vale do Rio Doce e 49% sob a administração da USS.

“A Vale não possuía interesse na região. A Vale queria continuar quieta em Minas Gerais, não queria ir para o Norte. A decisão foi uma decisão de governo”, enfatiza Santos. Na época, produzia-se 10 mi de toneladas de ferro em um ano, hoje Carajás produz essa quantidade em um dia, segundo o geólogo.

Em 73, verifica-se também uma alta concentração de cobre na região. A descoberta leva a Vale a adquirir os 49% de participação da USS na Amazônia Mineração S/A por U$ 55mi, valor considerado “uma pechincha” por Santos. Com o controle total da Amazônia Mineração S/A, a Vale do Rio Doce inicia o projeto Carajás em 1979.

Atualmente, Carajás é um dos melhores depósitos de minério de ferro do mundo, alcançando 1 bi de toneladas métricas de minério de ferro produzidas desde de 1985.

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