ISSN 2359-5191

21/09/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 87 - Educação - Faculdade de Educação
Para pesquisadores da FE, a pesquisa na Universidade precisa receber mais incentivos
Workshop discutiu a formação dos novos pesquisadores brasileiros

São Paulo (AUN - USP) - “A universidade prepara seus alunos para o mercado ao invés de preparar para a pesquisa, a fim de atender a interesses neoliberais.” Essa é a opinião da professora Lisiane Fachetto, do Grupo de Estudos e de Pesquisa Produção Escrita e Psicanálise (Geppep) da Faculdade de Educação (FE). O grupo organizou a sétima edição do Workshop Produção Escrita e Psicanálise: Se Abelardo põe piercing, Heloísa coloca algo de si?, nos meses de agosto e setembro, a fim de discutir como os pesquisadores brasileiros estão se formando, além de interrogar os efeitos das diferentes éticas educacionais sobre a relação do sujeito em formação com o saber, a leitura, a escrita e quem o forma.

A mesa Pedros e Heloísas na universidade hoje. Como estamos formando nossos pesquisadores? trouxe pesquisadores do grupo para comentar as relações de orientandos com seus orientadores, através de exemplos obtidos no banco de dados do Geppep. Na visão de Lisiane Fachetto, os problemas encontrados na formação dos pesquisadores hoje podem acontecer porque a universidade prepara seus alunos majoritariamente para o mercado ao invés de preparar para a ciência. Para ela, falta pesquisa nas instituições públicas, e a situação fica mais preocupante se se pensar que a universidade pública é responsável por mais de 90% da pesquisa do Brasil. Lisiane pensa que a pós-graduação nas universidades é vista mais um acessório do que como um espaço de construção do conhecimento, e que os alunos anseiam pelo diploma. “Por exemplo, uma aluna que tem graduação em matemática e não fez iniciação científica nem teve que apresentar TCC chega totalmente despreparada na hora de fazer o mestrado, por exemplo. Ela é iniciante em pesquisa”. Para a professora, isso influencia diretamente na relação entre o orientador e o orientando. Ou seja, é necessário um incentivo maior à pesquisa nas universidades para que esses problemas se reduzem ou cessem.

Suellen Gragatti da Igreja comentou sobre o laço existente entre as partes e a relação de confiança que se estabelece ao se escolher um orientador, já que se confia que esa pessoa tem conhecimento o suficiente para guiar os seus estudos. Os trabalhos apresentados por Suellen falavam a respeito dos eventuais problemas de escrita enfrentados pelos alunos, e como os orientadores lidam com isso. Por exemplo, quando um pesquisador escreve várias versões de um mesmo texto e tem de escolher a mais adequada e apagar as outras. Para ela, é essencial que quem o orienta leia atentamente, faça comentários e intervenha na dificuldade de escrita.

Emari Andrade, ao apresentar seus trabalhos, também identificou três problemas principais dos pós-graduandos na redação de seus trabalhos: problemas de formação, a posição neurótica do sujeito e a desorientação pulsional. O primeiro consiste na falta de conhecimento do orientando em determinado assunto, por quaisquer motivos. Neste caso, o orientador deve ter paciência, não culpá-lo por isso e recomendar as leituras necessárias. O segundo caso consiste nos pequisadores colocarem-se como autoridade em um assunto, achando que sabem sem na verdade saber. Já a desorientação pulsional é a situação quando o aluno se submete às normatizações, mas muda de opinião constantemente. Em ambas, o orientador deve identificar os problemas e fazer-se presente, acompanhando a evolução do aluno.

Também compõs a mesa o professor convidado Constantin Xypas, da França. Xypas comentou os trabalhos das três participantes do Gepepp, citando exemplos da sua realidade na universidade francesa.

Mais informações: http://paje.fe.usp.br/~geppep/index.htm

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