ISSN 2359-5191

21/09/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 87 - Sociedade - Instituto de Estudos Brasileiros
Antonio Cândido discute o papel das cidades de Sérgio Buarque de Holanda
O professor da FFLCH falou, em seminário do IEB, sobre a influência de SP e RJ na vida do historiador brasileiro

São Paulo (AUN - USP) - O Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) iniciou a série de seminários A Atualidade de Sérgio Buarque de Hollanda, como um início das comemorações do cinquentenário do Instituto, fundado pelo historiador. O objetivo é ressaltar a importância da obra de Sérgio Buarque como um dos maiores intelectuais brasileiros e também a sua importância no cuidado institucional de museus e pesquisas. Para abrir o evento, o convidado foi o professor emérito da FFLCH-USP Antonio Candido de Mello e Souza, que falou sobre a importância do Rio de Janeiro e de São Paulo na vida pessoal e intelectual do autor de Raízes do Brasil.

Antonio Candido, amigo pessoal de Sérgio Buarque de Holanda, abordou o constante trânsito entre São Paulo e Rio de Janeiro na vida do historiador, indagando qual a sua contribuição para o Rio de Janeiro, o que ele levou para lá e o que de lá trouxe para São Paulo. Ou seja, Candido abordou como as cidades influenciaram e foram influenciadas por Sergio Buarque. Para ele, tanto o lado carioca quanto o paulista eram muito fortes em Sérgio, e ambas as cidades foram fundamentais em sua construção intelectual e pessoal, já que “ele era uma pessoa muito sociável, não sabia viver sem gente ao redor. Ter amigos perto era essencial”.

E é no âmbito pessoal que vem a primeira contribuição do Rio de Janeiro. Foi lá que Sérgio Buarque de Holanda se casou e estabeleceu seu círculo principal de grandes amigos. Além disso, a cidade também foi fundamental pois foi lá que o historiador se formou, utilizando as normas de lá. Holanda foi assistente de mais de um professor estrangeiro, e ele considera que essa experiência o fez “aprender a estudar”, o que demonstra a importância dos anos passados na capital carioca.

Antônio Candido também coloca que o Rio de Janeiro no na primeira metade do século 20 tinha a produção cultural mais rica do país, mesmo que São Paulo fosse uma cidade mais próspera economicamente. “A capital paulista começou a aparecer com a Semana de Arte Moderna, em 1922, e com a USP”, diz ele. “E é um paradoxo o fato de o modernismo em São Paulo ter sido mais radicalizado do que no Rio, que teve um modernismo mais contido”. E, na visão do professor, foi Sérgio Buarque de Holanda que levou para o estado do Rio esse espírito inovador de São Paulo, incorporando uma grande radicalidade ao movimento. Fora isso, é necessário considerar que o historiador foi muito jovem para o Rio de Janeiro, tendo apenas alguns artigos escritos. Ao voltar para São Paulo, as obras Raízes do Brasil e Monções estavam prontas, o que demonstra mais uma vez a importância da cidade no desenvolvimento e maturidade intelectual do autor.

De volta a São Paulo, Sérgio Buarque de Holanda vem para cuidar do Museu Paulista, e graças a experiências similares em solo carioca, pode modernizá-lo em diversos aspectos. Para o professor, Sérgio trouxe, paradoxalmente, a organização que faltava à “cidade séria”. Foi em sua cidade que Buarque de Holanda virou o historiador pelo qual é reconhecido hoje, pensa Antonio Cândido. “Aqui [em São Paulo] ele escreveu Visões do Paraíso, considerada uma obra prima universal, e que foi a tese de um concurso para a Faculdade de Filosofia da USP.” Em suma, ele trouxe a ousadia modernista para o modernismo pacato carioca e agregou a historiografia rigorosa dos europeus para São Paulo. E essa alternância entre as duas cidades na vida de Sérgio Buarque de Holanda foi fundamental para o desenvolvimento intelectual de todo um país, dada a importância das obras produzidas pelo autor.

O IEB inaugurou também uma exposição homônima, que está em cartaz no instituto, que fica na Av. Prof. Mello Morais, travessa 8 nº 140, da Cidade Universitária. Mais informações: http://www.ieb.usp.br/

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