São Paulo (AUN - USP) - Durante os domingos do mês de outubro, os sambistas paulistanos ou de passagem pela terra da garoa terão um ponto de encontro: o Ciclo Samba Paulista, do Centro de Preservação Cultural (CPC). Serão três apresentações gratuitas, sempre à s 11 horas da manhã, a partir do dia 16. Participarão do evento Kiko Dinucci, Bisdré Santos e Edu Batata. O curador do Ciclo, Marcos VirgÃlio da Silva, aponta como linhas marcantes âo instrumental de Bisdré, o sincretismo de Kiko e as temporalidades cruzadas de Eduâ.
A seleção dos nomes, Marcos Silva conta, surgiu a partir de seu contato com Bisdré Santos. Eles elaboraram uma rede de nomes viáveis e representativos, foram adequando ao calendário pequeno e ao perfil, até que chegaram à programação final. O curador ressalta que dada a diversidade da produção de São Paulo, âseria pretensioso afirmar que eles [todos os sambistas paulistas] estão inteiramente representados pelos artistas aqui participantesâ. Mas isso não impede que a seleção seja fiel à realidade. âSão artistas reconhecidos entre os próprios sambistas como nomes significativos da cena atual, com trabalhos de personalidades marcantesâ.
Mas qual é o perfil do samba paulista atual? Para Marcos Silva é difÃcil compor uma definição única, mas duas palavras são essenciais: âdiversidade e descobertaâ. A diversidade se apresenta na variedade de grupos e núcleos espalhados por toda São Paulo, mas também nos estilos, que vão desde o samba tradicional ou de raiz, até o pagode â passando pelo choro e pelo autoral. Já a descoberta, de acordo com o curador, está na pesquisa e na experimentação, no samba como manifestação agregadora e representativa da cidade toda.
Dinucci
Para Kiko Dinucci, primeiro dos três artistas a se apresentar, um ponto é comum aos compositores paulistanos: âAo contrário dos do Rio ou da Bahia, que falam da natureza, dos pontos da cidade, os de São Paulo falam mal, ficam criticando. Eu até brinco, eu falo que se eu fizer um samba falando de um cartão postal de São Paulo, eles demolem logo em seguida (risos)â.
O sambista é marcado pelo sincretismo e pelas letras narrativas. Suas influências passam por Adoniran Barbosa, Paulo Vanzolini, Itamar Assumpção, Luiz Tatit, Arrigo Barnabé, entre outros. Para o show, Dinucci promete músicas de Adoniran Barbosa mescladas com vinhetas de Cortes Curtos, disco com músicas de 140 caracteres que está compondo, e composições próprias. âNão vou fazer uma apresentação convencionalâ, define.
Serviço
O Ciclo Samba Paulista acontece dias 16 (Kiko Dinucci), 23 (Bisdré Santos) e 30 (Edu Batata), sempre às 11 horas da manhã e de graça.
O Centro de Preservação Cultural fica na rua Major Diogo, 353, São Paulo.
Para mais informações: (11) 3106-3562.