ISSN 2359-5191

17/02/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 13 - Sociedade - Universidade de São Paulo
Tensão pré-menstrual influencia inserção da mulher no mercado de trabalho

São Paulo (AUN - USP) - Apesar do preconceito e das disparidades salariais que ainda assolam a inclusão da mulher no mercado de trabalho, é inegável o fato de que, nos últimos anos, a participação feminina nos cargos mais cobiçados tornou-se maior. Para a mulher vivenciar sua plenitude profissional, no entanto, é necessário que ela vença não somente os obstáculos inerentes ao mercado de trabalho e ao ambiente familiar, mas também as dificuldades relacionadas às características biológicas, como gestações e problemas ginecológicos, entre eles as alterações do ciclo menstrual e a Síndrome da Tensão Pré-Menstrual (STPM). ?As peculiaridades biológicas femininas exercem uma influência determinante no dia-a-dia da mulher não só dentro de casa, mas, evidentemente no ambiente de trabalho?, diz Clarice Heiko Muramatsu, pesquisadora do Instituto de Psicologia da USP (IP), que desenvolveu o estudo Convivendo com a síndrome da tensão pré-menstrual: um enfoque da fenomenologia existencial.

Segundo as pesquisas, o trabalho e a vida profissional ganharam muito espaço na vida da mulher, mas o casamento e a maternidade não deixaram de ter sua importância. O desejo de cuidar da casa, dos filhos e do marido são muito fortes, ainda mais entre as mulheres de baixa renda. Além disso, em todas as classes sociais, a possibilidade de estar fora de casa causa conflitos e incertezas. Como se não bastasse, além dessas contradições e conflitos, mulheres que exercem atividades fora do lar sofrem dificuldades por conta do salário inferior, cargos menos qualificados, falta de reconhecimento da capacidade profissional e, ainda, suportam a fadiga acumulada por duas jornadas de trabalho.

Mas o trabalho em questão se concentra nas influências causadas pelas peculiaridades biológicas femininas, como a STPM. Por conta da tensão pré-menstrual, as mulheres podem apresentar, periodicamente, alterações de humor e afetos, que refletem diretamente no relacionamento geral do ambiente de trabalho e diminuem a produtividade quando comparada com outras fases do ciclo. Além disso, a pesquisa também revela que a mulher que vivencia a STPM tem maior probabilidade de se envolver em acidentes, sejam eles no trabalho ou não e, muitas vezes, chega a perder o controle de situações tidas anteriormente como corriqueiras, podendo agir de forma irracional e conscientemente inadequada.

?O interesse em realizar este estudo surgiu, primeiramente, da minha experiência como mulher que trabalha e vivencia a Síndrome da Tensão Pré-Menstrual. Durante anos, passei por períodos de desconforto, sentindo-me incomodada com as inerências do meu corpo e com a reação inadequada dos companheiros de trabalho. Além disso, mulheres comentavam que se sentiam estranhas nesse período. Esse estranhamento deve-se às mudanças biológicas e à falta de preparo das pessoas, principalmente os homens, em lidar com isso?, conta a pesquisadora.

A pesquisa mostra que grande parte dos problemas enfrentados pelas mulheres deve-se à condição de desconhecimento e alienação das pessoas em geral quanto às características biológicas femininas. Isso, evidentemente, interfere na inclusão da mulher no mercado de trabalho. A solução, segundo Muramatsu, é complexa: ?A resposta para esse problema exige uma abordagem compreensiva, ou seja, é preciso alcançar o sentido de ser mulher durante uma STPM e compreender como a mulher percebe a relação com o seu corpo e a sua existência nesse período. Por isso é tão mais difícil para homens, normalmente ocupantes dos cargos diretivos, lidar com as mulheres nesse período. Muito por conta da ignorância, mas muito porque, evidentemente, é mais difícil para um ser do gênero masculino alcançar o sentido de ser mulher, independente da tensão pré-menstrual?.

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