ISSN 2359-5191

16/11/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 112 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Química
A genômica e o boom da bioinformática
Pesquisador do IQ explica a relação entre as duas áreas e destaca a importância da computação para a biologia molecular

São Paulo (AUN - USP) - Buscar auxílioem ferramentas computacionais para o estudo da biologia é um método colocado em prática por pesquisadores desde meados da década de 1970. Naquela época, programas eram desenvolvidos para comparar sequências de proteínas e aminoácidos, por exemplo. Mas foi apenas a partir de 1995, quando se publicou o primeiro genoma de uma bactéria, que houve uma explosão do uso das técnicas de informática para a realização de pesquisas biológicas.

“Foi com o nascimento da genômica de larga escala que se notou a necessidade da criação de programas específicos e sofisticados para lidar com uma série de problemas que estavam aparecendo”, declara João Carlos Setubal, professor do Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da USP (IQ).

Um genoma é toda informação hereditária de um organismo que está contida em seu DNA ou, no caso de alguns vírus, seu RNA.Até 20 anos atrás, não havia um instrumento capaz de gerar grandes quantidades de dados a partir da leitura de um genoma. Com o advento dos sequenciadores de DNA modernos, no entanto, essa quantidade aumentou com tanta intensidade que se tornou humanamente impossível estudar o conteúdo decodificado. “Hoje em dia, uma máquina sequenciadora é capaz de gerar uma quantidade de dados que, em uma semana, é maior do que a que fora gerada em toda a história do sequenciamento de DNA nos últimos 25 anos”, explica Setubal.

Diante disso, a bioinformática assumiu um papel crucial. Através de métodos computacionais e do uso de algoritmos matemáticos, ela reconhece padrões e retira informações de sequências queseriam impossíveis de serem analisadas pelo olho humano.

O professor coordena o Laboratório de Bioinfomática do IQ e relata o processo de seu trabalho: “Primeiro, temos de estudar e entender o problema que chegou para resolvermos. Aí, propomos um algoritmo, uma metodologia para solucioná-lo, ecriamos um programa de computador em cima disso”.

O avanço das tecnologias provocou um barateamento explosivo na obtenção de genomas. Segundo Setubal, se há dez anos se gastava US$ 5 milhões em uma sequência de DNA de bactéria, hoje em dia o mesmo conteúdo sai por US$ 500. Com isso, a genômica acabou se tornando instrumento de estudo de inúmeras áreas do conhecimento, tais como medicina, veterinária, agricultura e energia, entre outros campos.

A interdisciplinariedade envolvida é tamanha que Setubal conseguiu, junto à Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade, a aprovação do Núcleo de Pesquisa em Ciência Genômica (NAP-CG), que une pesquisadores de diferentes departamentos da USP interessados no assunto, facilitando a interação entre os mesmos e criando a oportunidade para o desenvolvimento de novos projetos.

“Não está longe o dia em que você irá ao médico, fará um exame e saberá o seu genoma, o das bactérias que moram em você, e identificará um desvio composicional que explique os problemas gástricos que está tendo, por exemplo”, declara o professor. “E tudo isso com o auxílio da bioinformática.”

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br