ISSN 2359-5191

16/11/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 112 - Ciência e Tecnologia - Escola Politécnica
Qualificação e tecnologia são bases para a Terceira Revolução Industrial

São Paulo (AUN - USP) - Segundo o professor Afonso Corrêa Fleury, do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica (Poli) da USP, os desafios enfrentados pelo Brasil para integrar-se à Terceira Revolução Industrial são, especialmente, educacionais e tecnológicos. O professor apresentou palestra sobre o futuro da manufatura e os desafios da organização de trabalho no evento USP Conference on Engineering 2012, da sérieUSP Conferências, que ocorreu entre os dias 6 e 8 de novembro, na Poli.

O novo contexto ao qual se tem frequentemente referido como Terceira Revolução Industrial, corresponde à larga emergência de novas tecnologias pautadas pela interdisciplinaridade. “A Terceira Revolução Industrial tem por base tecnológica uma combinação simbiótica entre tecnologias de diferentes origens”, comenta Fleury. Ele explica, ainda, que as organizações no novo cenário industrial tenderão a se voltar a abordagens que inspirem a iniciativa individual, criem e alavanquem conhecimentos e garantam a renovação contínua.

Em direção e preparação para essa nova Revolução, países e organizações do mundo todo vêm produzindo Technology foresights, ou seja, documentos de previsões tecnológicas para a indústria do futuro, os quais se preocupam não apenas com os aparatos tecnológicos do futuro, mas também com os modelos de gestão que darão a lógica da organização industrial para o futuro e com a escassez de recursos, entre eles, inclusive, o capital humano.

Como a principal base das organizações industriais tende a se tornar cada vez mais tecnológica e inovadora, a qualificação necessária para a execução da produção também tem tendência ao crescimento. De acordo com Fleury, um levantamento realizado nos Estados Unidos e na União Europeia mostra que, “para atender as demandas de qualificação para novas tecnologias, o orçamento do treinamento deveria crescer cerca de 300%”. As previsões apontam, assim, para um cenário em determinados países, como o Brasil, em que, sem o desenvolvimento adequado, “haverá um enorme déficit de trabalhadores qualificados e de média qualificação para os tipos de trabalhos necessários nesses novos tipos de organização. E sobrarão trabalhadores não qualificados”.

Previsões tecnológicas
Enquanto países como Estados Unidos, Comunidade Europeia, China, Austrália e Índia já produziram foresights e alguns já começaram até mesmo a colocá-los em prática. A América Latina, no entanto, relata o professor, “é muito pobre em termos desse tipo de abordagem”. Tendo percebido esta deficiência, a United Nations Industrial Development Organization (Unidp), em conjunto com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), esforçou-se para que fosse elaborado um documento que criasse cenários para que os países latino-americanos possam pensar em como evoluir da indústria de commodities para outros tipos de manufatura. “A América Latina está caindo em uma armadilha em que seus países ficam extremamente dependentes do comércio de commodities dentro de um mundo que está em enorme mudança”, diz Fleury, comentando sobre a necessidade do documento.

Assim, a Unido selecionou uma série de universidades para produzir estudos que subsidiassem esse documento, que recebeu o nome de Industrial Diversification in Latin America. Entre esses estudos estava o Emergingtrends in Global Manufacturing Industries, produzido pelo Institute for Manufacturing (IfM), do Departamento de Engenharia da Universidade de Cambrige, na Inglaterra.

O trabalho, de cuja elaboração Fleury participou, foi baseado na análise deforesights de outros países, além de duas análises de antecipação tecnológica feitas no âmbito do Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE) do Ministério da Ciência e Tecnologia brasileiro, sobre indústria plástica e equipamentos médicos.

O documento reuniu considerações a respeito de tendências que poderão afetar a organização do desenvolvimento do novo sistema de produção, as chamadas megatrends, como globalização, rentabilidade, democracia e humanização da produção, fluxo de materiais e informações no contexto nacional e internacional, mudanças de hábitos dos consumidores e a política industrial nos diferentes países. Além disso, foram identificados modelos de gestão que conduzirão a lógica das novas manufaturas, bem como as características do desenvolvimento de tecnologia do futuro, e, por fim, como a indústria latino-americana pode ser afetada por essas mudanças.

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