ISSN 2359-5191

07/12/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 125 - Saúde - Faculdade de Saúde Pública
Evento na FSP discute aspectos da epidemia de aids no Brasil

São Paulo (AUN - USP) - No dia 30 de novembro, véspera do Dia Mundial de Luta contra a Aids, ocorreu na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP apresentações que refletiram a necessidade de repensar os modos de lidar com a epidemia de aids no Brasil. Estiveram presentes membros do movimento social de luta contra a aids, da academia e do governo.

A professora do Instituto de Psicologia (IP) da USP e coordenadora do Núcleo de Estudos para Prevenção da Aids (Nepaids-USP), Vera Paiva, fez a abertura e ressaltou a importância de se terem espaços de reflexão e debate sobre a doença, como foi o caso do evento, para contribuir com o amadurecimento de ideias. Vera falou sobre a importância das discussões e do manifesto, publicado em 2012, ”O que nos tira o sono?” para modificar a forma de pensar a epidemia. “Precisava mudar porque não estava funcionando”, afirmou a coordenadora do Neepaids. Ivone de Paula, coordenadora da área de prevenção do Programa Estadual de DST/Aids, também falou sobre as agitações que ocorreram nesse ano em torno da aids e sobre as mobilizações da sociedade civil no movimento de luta contra a síndrome. “Isso reavivou o sentimento de que não dá para fazer nada sozinho”, acredita Ivone.

Em seguida, Maria Amélia Veras, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, falou sobre as novas perspectivas para a vigilância do HIV e da aids no Brasil. A Vigilância Epidemiológica (VE) é a coleta, análise e difusão de informações epidemiológicas. Os dados oriundos da VE podem ser aplicados para o planejamento e implementação de programas de prevenção. Maria Amélia apresentou os objetivos da vigilância em cada fase da doença. Na infecção, é importante dimensionar a magnitude e conhecer os determinar, para isso devem ser feitos estudos de prevalência e vigilância comportamental. Já no adoecimento, o ideal é medir a magnitude da epidemia e a qualidade de vida das pessoas vivendo com aids. Para isso, tem que ocorrer um monitoramento clínico, um estudo da adesão ao tratamento, dos efeitos adversos e da resistência. Na fase de morte, tem que ocorrer um monitoramento dos óbitos. Para que esses objetivos sejam realizados, ela apontou algumas tarefas prioritárias: notificações de infecção do HIV, melhorar os sistemas de informação e assegurar a manutenção de estimativas e pesquisas sobre a aids.

A professora Maria Inês Nemes, da área de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, falou sobre o Qualiaids, que é um programa de avaliação dos serviços ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SUS) que assiste adultos vivendo com aids no Brasil. A avaliação consiste em um questionário online e autoavaliativo de questões alternativas que é respondido pelo gerente do serviço. O questionário mede o gerenciamento técnico do trabalho, a organização do trabalho assistencial e a disponibilidade de recursos e tem como objetivo melhorar a qualidade da assistência dos serviços do SUS. Já foram aplicados questionários nos anos 2001, 2007 e 2010, e o objetivo atual é desenvolver uma metodologia para avaliação do ponto de vista dos usuários, com respostas deles sobre a qualidade dos serviços.

Mário Scheffer, ativista e presidente do grupo Pela Vidda, falou sobre a prevenção. Ele ressaltou o fato de que a prevenção não faz sentido sem a promoção dos Direitos Humanos e que ela requer mudanças que respeitem as escolhas individuais. Scheffer abordou a questão dos medicamentos como prevenção. “Não é tratamento como prevenção, mas sim tratamento com a prevenção”, afirmou. Para ele, recursos como a profilaxia pré-exposição (PrEP) e pós-exposição (PEP) “são meios adicionais aos recursos já existentes, não substitutivos”. O ativista explicou que os medicamentos têm reações adversas, tem que ser tomados por toda vida e são caros. “Nunca serão uma estratégia de prevenção universal.”

O presidente do grupo Pela Vidda também falou sobre o futuro da prevenção. Para ele, o ideal é preservar o SUS como lugar da prevenção, do diagnóstico e do tratamento, buscar novas formas de capacitação de recursos humanos, recuperar o papel dos municípios e das ONGs e ter uma prevenção adaptada a diferentes pessoas e populações.

Mário encerrou sua apresentação com um discurso otimista: “A gente tem tudo para retomar a vanguarda da resposta à aids, tirar do lugar indicadores estacionados, alterar radicalmente a epidemia nos próximos anos, reduzindo o número de adoecimentos, mortes e novas infecções”.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br