ISSN 2359-5191

07/12/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 125 - Sociedade - Instituto de Relações Internacionais
Crise climática e dinâmica das relações internacionais é tema de seminário no IRI

São Paulo (AUN - USP) - Para Eduardo Viola, professor da Universidade de Brasília (UnB) e autor revisor do terceiro volume do International Panelon Climate Change (IPCC), a crise climática que o globo terrestre enfrenta atualmente altera profundamente a configuração e a dinâmica das relações internacionais. O estudioso esteve no Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP no último dia 28 de novembro apresentando o seminárioDescarbonização ou desordem, em que discutiu tópicos do livro ainda não lançado Sistema Internacional de Hegemonia Conservadora: Governança Global e Democracia na Era da Crise Climática, que escreveu em co-autoria com os pesquisadores Matías Frachini e Thaís Lemos Ribeiro.

Segundo Viola, ainda é muito baixa a cooperação no sistema internacional para enfrentar a crise climática e promover o desenvolvimento em âmbito global. A questão, ele diz, envolve um jogo complexo entre aspectos nacionais e transnacionais. “Em muitos lugares predominam tendências nacionalistas, sobrepostas à global”. Além disso, ele comenta, há ainda a comunidade dominante nas relações internacionais, cujo núcleo principal “ainda não considera a mudança climática como uma função central do sistema internacional”. Por outro lado, o grupo que lida com as mudanças climáticas, extremamente normativo, possui conhecimentos técnicos significativos.Porém, é bastante limitada no conhecimento sobre as relações internacionais.

Há, ainda, uma sub-comunidade das relações internacionais, que estuda o regime ambiental climático, com foco nas negociações multilaterais no cenário. “A teoria dos regimes ambientais internacionais basicamente assume que a realidade fundamental a ser atingida é a de interação entre os atores e os países na negociação internacional”, ele relata.

Predominantemente diplomática e discursiva, a arena de negociação internacional pode muitas vezes destoardo comportamento dos atores nela envolvidos. “Cada unidade nacional é uma unidade complexa e dividida”, critica o estudioso. Não apenas atores estatais devem ser considerados potencias climáticas. Em uma visão plurilateral, ele diz, também se incluem outras lideranças, como setores não governamentais e científicos, cuja participação é fundamental para a definição da agenda climática.

Descarbonização parcial
“A mudança climática acelerando-se é um fator de desordem no sistema internacional”, diz Viola. Segundo ele, é preciso entender os processos das diferentes potências com relação à descarbonização. O pesquisador classifica três diferentes níveis de potências. O primeiro é aquele em que se inclui a União Europeia, que, possuindo capital humano e tecnológico, assumiu um compromisso climático para a descarbonização. No segundo grupo, classificado como conservador, ficam os Estados Unidos e a China, países mais relutantes a assumir compromissos para desacelerar as emissões de poluentes. Por fim, há o grupo que reúne países como Rússia, Japão, Brasil, Índia e Coreia do Sul, que possuem perfis de emissões de carbono semelhantes, e que se apresentam mais ofensivos para a redução do carbono que liberam para a atmosfera global.

“O processo atual de descarbonização é parcial”, comenta Viola. A própria União Europeia, em face de seus recentes problemas, parece recuar de seu compromisso. “O resto do mundo está estagnado”. Apesar de a agenda multilateral, que inclui as relações entre as potências, considerar um tratado climático, a agenda individual dos diversos atores estatais impede o seu sucesso completo. “Não é que haja algo fundamentalmente errado na teoria dos regimes climáticos”, diz o professor. “Temos um regime normativo correto, mas existem interpretações não colaborativas, como o Protocolo de Kyoto.”

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