No último dia 22 de março, o Auditório Jacy Monteiro do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP) recebeu John Hopcroft, um dos grandes desenvolvedores da ciência da computação como disciplina acadêmica. Na palestra por ele ministrada, cujo título era “Future Directions in Computer Science Research”, o palestrante falou sobre seu histórico acadêmico, suas pesquisas em ciências da computação e os novos rumos da pesquisa científica nessa área.

Hopcroft, professor de engenharia e matemática aplicada do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Cornell (EUA), começou sua palestra com uma pergunta direta, mas também complexa: “O que é ciência da computação?”. A resposta que ele deu foi, de certa forma, simples: “É o estudo dos algoritmos, suas aplicações e de sua implementação, na forma de software, para execução em computadores eletrônicos, de modo simplificado, tal que todos possam fazer uso”. E é nesse sentido que as pesquisas por ele desenvolvidas ganham destaque no mundo acadêmico.

Um algoritmo é uma sequência finita de instruções bem definidas e não ambíguas (isto é, simples e de fácil entendimento). Ele não representa, necessariamente, um programa de computador, e sim os passos necessários para realizar uma tarefa. Sua implementação pode ser feita por um computador, por outro tipo de autômato ou mesmo por um ser humano. Para o caso de um algoritmo em um programa de computador, existe uma grande variedade de linguagens de programação, cada uma com características específicas que podem facilitar o funcionamento dessa estrutura ou atender a propósitos mais gerais.

Hopcroft se destacou no âmbito acadêmico ao ganhar o Prêmio Turing (homenagem a um dos “criadores” da ciência da computação como curso) em 1986, em parceria com Robert Tarjan, por uma pesquisa que resultou em um projeto e análise de algoritmos e estruturas de dados. A análise de algoritmos é um ramo da ciência da computação que estuda as técnicas de projeto de algoritmos e os algoritmos de forma abstrata, sem estarem implementados em uma linguagem de programação em particular ou implementadas de algum outro modo. “Ela preocupa-se com os recursos necessários para a execução do algoritmo tais como o tempo de execução e o espaço de armazenamento de dados, o que a caracteriza como um ramo responsável por grandes pesquisas até hoje”, disse o palestrante.

“As pesquisas científicas neste ramo estão mudando o foco para sistemas mais operacionais, cada vez mais simples de serem usados”, afirmou Hopcroft. Durante a palestra, ele ressaltou a importância dessas pesquisas, principalmente as que estão voltadas para a utilização de novas tecnologias em computação: “Se não fossem essas novas tecnologias o Bóson de Higgs não teria sido descoberto”. Mas o principal destaque, segundo ele, é a utilização mais prática e simples desses novos meios. “Estamos desenvolvendo um sistema GPS que calcula rotas com menos trânsito a partir do número de pessoas conectadas à internet por meios móveis, o que diminuiria o tempo de uma pessoa no trânsito e economizaria o combustível do carro”, explicou o palestrante. ”Contudo, ainda estamos iniciando esse tipo de projeto mais prático”.