ISSN 2359-5191

16/04/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 6 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Palestra discute a experiência de quase-morte

“É um fenômeno que a ciência ainda não explica completamente”. É assim que a farmacêutica Thaísa Marinho Pereira caracteriza a experiência de quase-morte (EQM). Descrever o acontecimento e apontar quais são os empecilhos que os cientistas encontram para explicá-lo é o objetivo de sua palestra, realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (FCF).

Segundo a farmacêutica, os relatos de EQM começaram há aproximadamente 150 anos. As narrativas dos pacientes contam desde “experiências de fora do corpo”, nas quais, durante uma cirurgia, conseguem ver os médicos operando, até relatos de maior profundidade, nos quais se deslocam para outros lugares. “A maioria dos pacientes contam experiências positivas, relatam sensações de bem-estar e paz profunda”, afirma Thaísa. As EQMs são foco de estudo em diversas áreas desde a área espiritual até a parte médica, como a neurologia.

Os cientistas trabalham com algumas hipóteses para explicar a EQM. Primeiramente, explicam que o corpo das pessoas que sofrem esta experiência geralmente se encontra em um estado crítico. Deste modo, ocorre a liberação de substâncias que promovem uma sensação de bem-estar, como a endorfina e a serotonina. Além disso, o fenômeno é muito comum em pacientes que passaram por uma parada cardíaca. E, durante este processo, há uma diminuição da irrigação sanguínea no cérebro, o que pode produzir alucinações. Em casos de EQM mais profundas, nas quais o paciente chega a ver pessoas mortas, os cientistas explicam que a visão pode ser fruto dos mecanismos de memória, havendo, portanto, a “produção” de imagens.

A palestra também analisou a exploração do fenômeno pela imprensa. Para a palestrante, há certos exageros, como, por exemplo, a não rigidez do conceito de EQM. “A mídia já considerou EQM o relato de uma pessoa que estava consciente durante a experiência”, critica. Ela também aponta que, muitas vezes, a imprensa faz relação de EQM com vida após a morte, trazendo manchetes alarmistas. Além disso, a farmacêutica constatou que as reportagens focam os efeitos da experiência na vida das pessoas. “Mostram relatos de pacientes que tiveram sua vida transformada depois do fenômeno”, afirma.


Rumos

Diante da dificuldade da ciência em explicar totalmente a EQM, mais estudos têm sido desenvolvidos nesta área. “Há formação de grupos de pesquisa especializados em decodificar o fenômeno”, conta Thaísa. As dificuldades encontradas pelos estudiosos do tema são diversas. Primeiro, devem esperar que o fenômeno ocorra. Depois, devem contar com pontos de convergência entre os relatos de diversas pessoas para que a pesquisa ganhe notoriedade.

Além disso, há o fator do ponto de partida da maioria dos estudos ser baseado em experiências, relatos de pessoas que sofreram EQM. Portanto, há dificuldades na busca das causas fisiológicas, por exemplo. “A ciência tem um belo trabalho pela frente, porque ainda faltam explicações”, conclui Thaísa.

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