ISSN 2359-5191

22/05/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 22 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
O uso da mão e sua ligação com o cérebro é tema de palestra na FAU

A ligação entre a mão e o cérebro e a sua evolução tanto física quanto de valores no decorrer da história foi pauta de conversa na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU). O tema “Reflexão sobre o trabalho manual do mundo contemporâneo” foi trazido pelo professor e filósofo, Luis Munari e discutido no Lame (Laboratório de Modelos e Ensaios). A escolha do local foi proposital, pois tinha o intuito de caracterizar o espaço do laboratório como um espaço de reflexão.

Munari fez uma introdução falando sobre a origem grega da palavra mão, que é cheir. Essa palavra deu origem a diversas outras que fazem uma relação da mão com a medicina e a arte. Com a lenda mitológica de Cheiron (mais conhecido como Quíron), uma divindade na forma de centauro que ensinou medicina para Aquiles, é ressaltada a importância da mão para a humanidade. Entretanto o professor relatou também que cheiron significava “o que é pior”, o que dava um caráter pejorativo a todos que trabalhavam com as mãos.

Esse aspecto pejorativo relacionado à mão durou aproximadamente até o século 15, quando diversos artistasentre eles, Leonardo da Vinci lutaram contra isso, ao afirmar, por exemplo, que para saber pintar bem, era necessário um grande conhecimento em matemática. A verdade, afirma o professor, é que a mão tem um caráter ambivalente, dependendo do local e da época.

           

A evolução do cérebro e da mão

Ao abordar a evolução das espécies em especial a humana – o professor trouxe algumas informações a respeito dos conceitos de  bimana e quadrúmana, presentes também na “Descendência do homem”, de Darwin. O homem, ao assumir sua condição vertical, teve uma perda das funções das “mãos inferiores”, que, com o tempo e a evolução, “foram se transformando” em pés, pois os dedos não serviam mais como pinças que ajudavam a pegar as coisas, e sim como apoio.

O homem, entretanto, ao decorrer da evolução, não teve qualquer tipo de especialização. O seu cérebro, por exemplo, não sofreu esse processo como o de outros animais, como o beija-flor, por exemplo, que é tão especializado no voo que faz as suas asas baterem de forma tão rápida que permite com que eles fiquem parados no ar.

Isso não significa, porém, que o cérebro humano não sofreram qualquer forma de evolução. Na realidade, sua evolução ocorreu de forma passiva, através da adaptação locomotora e do uso das mãos. Na medida em que a coluna abaixou, após a locomoção sobre duas pernas, liberou mais espaço na caixa craniana, o que possibilitou o crescimento do cérebro. Já o uso das mãos para levar os alimentos até a boca, diferentemente dos herbívoros que usam a própria cabeça para se alimentar, fez com que houvesse uma diminuição frontal, também deixando espaço para crescimento.

Munari passou, então, a fazer uma comparação dos cérebros de diversos animais – alterando as características evolutivas supramencionadas – e mostrou quantos neurônios relacionados com o controle dos membros, com um enfoque nas mãos. Ao constatar que o cérebro humano tem um número bastante maior de neurônios relacionados às mãos, ele afirma essa ligação íntima entre essas partes do corpo humano.

           

Decadência da mão

De acordo com Munari, antes usada para trazer os alimentos até a boca, a mão passou a ser responsável por fazer instrumentos cortantes que facilitariam a vida do homem. Nessa época, o gesto e o utensílio se confundiam, mas posteriormente eles passaram a se separar e a ficar cada vez mais distante. Se no início era necessária uma mão segurando o instrumento cortante que permitia o ataque a um animal, atualmente um simples apertar de botão é capaz de matar alguém, de construir carros, entre outras coisas.

Com esse distanciamento, a criação passa a ser jogada toda em cima de aparelhos e a mão passa apenas a elaborar a máquina, não sendo mais tão hábil quanto fora um dia. O professor se questiona se a mão estaria se transformando num membro inútil e sem uma resposta, preocupasse com o futuro do cérebro, afirmando que se a mão não cria mais, ela põe o cérebro em cheque, uma vez que muitos neurônios, e muito importantes, estão diretamente relacionados.

           

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