ISSN 2359-5191

22/05/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 22 - Economia e Política - Instituto de Relações Internacionais
Boletim de relações internacionais Análise Caeni estreia este mês
O Centro de Estudos das Negociações Internacionais da USP tem como principal âmbito de estudo as relações Sul-Sul

Nos noticiários, um assunto reinflamou os ânimos da diplomacia brasileira: a eleição do primeiro brasileiro a diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo. Porém, antes mesmo dele, os emergentes já ocupam a agência midiática há anos. Esse movimento de mudança no protagonismo das relações internacionais faz parte das linhas de pesquisa que o Caeni, o Centro de Estudos das Negociações Internacionais da USP, desenvolve e publiciza das mais variadas formas. Este mês, ele inaugura mais uma, que é o Análise Caeni, que integra os mais variados tipos de textos sobre o tema.

O boletim tem dois objetivos. O primeiro é divulgar pesquisas, atividades e publicações do grupo de estudos, por meio de notas, resenhas, relato de debates e cronograma de seminários, tanto os externos ao grupo, mas que são relevantes para as ciências políticas e relações internacionais, quanto os que são organizados pelo próprio Caeni. O segundo objetivo é o de apresentar um acompanhamento das relações Sul-Sul, fazendo um resumo das principais notícias e complementando-o com análises breves. Também são feitas publicações sobre os temas mais relevantes, como estudos comparados entre países emergentes.

Segundo seminário ministrado pelo Caeni em 2013Seminário que o Caeni ministrou em 2013. Fonte: http://www.facebook.com/caeni.usp?fref=ts


O centro de estudos


O Caeni começou em 2001 como um think thank (instituição de fomentação de ideias e disseminação do conhecimento) autônomo na área de negociações internacionais. Em 2005, deixou de ser privado para ligar-se ao Departamento de Ciência Política da USP. A partir de setembro de 2012 o Caeni passou a ser um Núcleo de Apoio à Pesquisa, tornando-se uma entidade bi-institucional (ligado tanto ao Departamento de Ciência Política quanto ao Instituto de Relações Internacionais).

O grupo de estudo cobre vários assuntos dentro do campo das relações internacionais. Entre as linhas principais estão a política externa brasileira, as relações Sul-Sul, coalizões internacionais, adesão aos regimes internacionais, legislativo e política externa, empresariado e negociações internacionais, cooperação internacional e experimento em ciência política e relações internacionais.

Há um extenso material: no site deste núcleo de pesquisa, além da recente publicação dos boletins, há análises e artigos isolados dos pesquisadores associados, divulgação de cursos e seminários e outras publicações, como os novos Working Papers (WP), artigos analíticos que ainda não são publicados no formato de boletim ou revista.

A virada no jogo

O projeto-matriz do Caeni é sobre as relações Sul-Sul, com foco principal nos países pertences ao IBAS (Fórum Índia-Brasil-África do Sul). Dentro deste estudo, o centro possui duas linhas de pesquisa. A primeira é “Sociedades e Relações Sul-Sul”, que tem pesquisas sobre como a sociedade percebe tais relações, a partir de surveys e pesquisas experimentais. Já a segunda linha, “Observatório Sul-Sul”, dedica-se a acompanhar comparativamente as posições dos países em desenvolvimento nos processos de negociações internacionais, com ênfase principalmente nos temas relacionados ao comércio internacional. Ou seja, há uma faceta social e outra governamental.

Segundo o coordenador científico do Caeni, o professor Amâncio Jorge de Oliveira, a escolha deste projeto como o principal do Caeni se dá porque “esse tema passou a ser importante principalmente nas arenas multilaterais, que seriam as organizações como a OMC e a ONU”.

De acordo com o professor, tradicionalmente os países desenvolvidos eram os protagonistas nas negociações, sobretudo nas comerciais. Com a mudança da conformação do poder mundial e a emergência de novos atores (o Brasil, a China, a Índia, entre outros) com o pleito de rebalancear a ordem mundial, passou-se a ter um movimento mais ativo na formação de coalizões. “Nós achamos por bem acompanhar esse processo e entender como se dão as coalizões, quais as chances dessas coalizões vencerem contra os países desenvolvidos, com quais países o Brasil faz coalizões internacionais. Ou seja, queríamos entender quando os países conseguem se coordernar para fazer uma barganha internacional, à respeito de quais temas, como eles ‘ajustam’ as diferenças fundamentais, e assim sucessivamente. É entender como que se dá esse jogo”.

Futuro

Com a eleição de Roberto Azevêdo para a Organização Mundial do Comércio (OMC), é inevitável não pergunta sobre qual a importância disso para o país. O professor ressaltou que este é o assunto do próximo boletim, mas antecipou alguns pareceres. “Essa eleição é subproduto do que falamos até agora. O que elegeu o Roberto Azevêdo? É essa coalizão sul-sul, os países em desenvolvimento. Foi uma posição muito inovadora, que colocou os países em desenvolvimento em projeção e com um grande poder de agendamento dentro da OMC. O que há de novo é que foi resultado de uma disputa entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, e o candidato destes ganhou.”

Amâncio de Oliveira, porém, faz uma ressalva. “A eleição revela um prestígio, mas não se pode confundir com a ideia de que os interesses brasileiros serão defendidos. Azevêdo se afastou da posição brasileira, que tem sido muito protecionista, já que prejudicaria a OMC, já que ela tem por missão harmonizar e liberalizar o comércio. Ele deixou isso bem explícito, que seguirá a agenda da OMC e não do Brasil. Revela o prestígio do país, mas ele não está lá como lobista dele.”

Seja como for, segundo o professor, “isso é novo, uma tradução direta da nova realidade internacional, que dá mais peso aos emergentes, principalmente. É uma expressão da nova realidade internacional”. Realidade que o Caeni tem por missão acompanhar, por vários tipos de projeto.

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