Um estudo identificou em seu grupo de amostra que apenas 6,4% das atletas praticantes de voleibol feminino chegaram a jogar profissionalmente. A tese de doutorado de Luciana Perez Bojikian intitulada Processo de formação de atletas de voleibol feminino buscou identificar as diferenças entre a formação das atletas que atingiram o alto rendimento e aquelas que não o alcançaram.

Os atletas que atingem o alto nível desenvolvem um complexo conjunto de fatores que os levam a esse estado como dietas rígidas, treinamentos intensos, acompanhamento psicológico. Segundo Luciana, cerca de dez anos são necessários para a formação de um atleta de ponta. O treinamento deve ser dosado e não pode ser iniciado precoce ou tardiamente para não causar lesões, intimidação e frustrações.

A amostra utilizada já havia sido objeto de estudo de uma outra pesquisa, das 187 meninas entre 15 e 17 anos apenas 12 (6,4%) permanecem atuando na Superliga Nacional. Segundo a pesquisadora “para entender o desenvolvimento do talento esportivo é preciso estudar a interferência do contexto em que o atleta está inserido”. Foram realizados testes e entrevistas nas garotas que permanecem no esporte e com outras 11 das que já desistiram. As principais diferenças físicas encontradas foram a existência de maior gordura abdominal e a menor altura das ex-atletas.

O principal motivo de abandono foi o estudo, conciliar o treinamento rígido com escola e faculdade é muito difícil. Aquelas que permaneceram no esporte alegaram interesse no retorno financeiro e apoio da família. Entretanto, a vida escolar foi deixada de lado. Apenas uma entre as 12 fez pós-graduação, enquanto a maioria havia parado os estudos no ensino médio. Além disso, um motivo de desistência inesperado foi a postura dos técnicos que cometiam abusos de cobranças, injustiças e maltratos.

Melhores condições

O esporte de alto rendimento atrai para um país atenção, investimentos e turismo. O voleibol no país não obteve resultados expressivos até a década de 80. A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) passa a investir, nos anos 70, na formação e especialização dos técnicos e incentivando o intercâmbio tanto destes como de atletas. Essa modalidade também foi uma das primeiras a investir na parte administrativa, de organização e infra estrutura.
A atenção da mídia se voltou para o vôlei e a televisão passou a transmitir os jogos importantes ao vivo. Com o avanço, empresas se interessaram em patrocinar os clubes que passaram a pagar salários aos atletas. Estes, por sua vez, puderam dedicar-se exclusivamente ao esporte. A junção desses fatores levou a uma melhor qualidade na preparação dos jogadores que resultou, a princípio, na medalha de prata olímpica da seleção masculina em 1984.